O Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE, recebeu o primeiro processo judicial que tem Lampião como réu, acrescentando um novo capítulo à história de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, o rei do cangaço. Este processo, composto por cerca de 1.400 páginas manuscritas, era muito procurado por pesquisadores e historiadores interessados na trajetória de Lampião.
O volumoso documento data da década de 1920. Ele foi entregue ao TJPE pela família de Assis Timóteo, residente em Triunfo, no Sertão de Pernambuco. Embora as páginas estivessem desgastadas pelo tempo, o material agora está sob os cuidados da Comissão de Gestão da Memória e do Memorial da Justiça, unidades do Judiciário pernambucano dedicadas à preservação da história da Justiça no Estado.
O processo está atualmente passando por um processo de limpeza e conservação. Após isso será digitalizado e disponibilizado através do site do Memorial Digital, hospedado no Portal do TJPE.
Este processo judicial detalha os crimes pelos quais Lampião e seu bando foram acusados, incluindo um homicídio ocorrido em 20 de outubro de 1922, em São José do Belmonte, no Sertão pernambucano, bem como a invasão da cidade e o massacre que resultou na morte do industrial e coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz.
O TJPE planeja organizar uma exposição com esse material jurídico relacionado ao Cangaço em Pernambuco, que também destacará informações sobre os juízes e desembargadores envolvidos nos processos. O Memorial já possui outro processo em que Lampião aparece como testemunha de defesa de um de seus irmãos.
A historiadora Mônica Pádua, chefe do Memorial da Justiça de Pernambuco, explicou a importância desse processo: “Esse processo judicial que acabamos de receber é bastante procurado por pesquisadores e historiadores, pois é considerado um marco na história do Cangaço, já que assinala o fim definitivo da Era Sinhô Pereira (um dos pioneiros do Cangaço) e o início da trajetória de Lampião como líder de um bando de cangaceiros no Nordeste brasileiro”.
Mônica Pádua conclui, “O recolhimento de acervos históricos é uma das atividades mais importantes desenvolvidas pelo Memorial da Justiça, pois possibilita que os documentos sejam acessados por quem se interessar. Esse documento veio coroar o nosso acervo sobre o Cangaço, considerando que conta parte importante do início da história de Lampião como chefe do seu bando.”
Por Douglas Ferreira com informações do Diário de Pernambuco
