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Publicado em: 9 agosto 2023 às 15:03 | Atualizado em: 10 agosto 2023 às 12:21

Braskem (BRKM5) não vê cenário positivo e adia projeções de recuperação

Devido a demanda global mais fraca, Braskem opera hoje com apenas 70% da capacidade instalada – Foto: Divulgação

Os dados divulgados pela Braskem (BRKM5) nesta quarta-feira (9) refletem um cenário global que continua a apresentar desafios, com poucas perspectivas de reversão no próximo trimestre. Em uma entrevista após a publicação do relatório do segundo trimestre, o diretor financeiro da empresa, Pedro Freitas, destacou que a queda de 82% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) recorrente em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 703 milhões, é resultado da redução no nível de consumo global, especialmente na China, o que impactou diretamente nos preços e margens. Ele enfatizou que não há razão para esperar uma melhora substancial desse cenário no segundo semestre.

“Observamos uma redução significativa nos estoques ao longo da cadeia de transformação dos nossos clientes. Esperávamos uma recuperação na demanda da indústria na China, o que não ocorreu”, afirmou Freitas.

Ele acrescentou que a reação esperada ainda não ocorrerá no segundo semestre, contrariando as expectativas iniciais do ano. Isso ocorre porque a indústria chinesa não está acompanhando o crescimento observado nos setores de serviços e turismo. Ele observou que, nos últimos anos, a taxa de crescimento do polietileno foi de cerca de 3,5%, enquanto a expectativa para este ano é de uma expansão de 2,7%.

Ao mesmo tempo, o aumento da produção global na indústria tem contribuído para adiar a recuperação dos preços. Freitas destacou que até o final do ano, espera-se que sejam produzidas cerca de 7 milhões de toneladas de polietileno, um aumento de 6% a 7% no volume total.

“Estamos prevendo um segundo semestre desafiador, com uma recuperação gradual esperada no quarto trimestre, especialmente devido às medidas de estímulo adotadas pela China”, afirmou.

Quanto ao próximo ano, no qual não é esperado um aumento significativo na capacidade produtiva global, a demanda deve retomar taxas históricas de crescimento, o que pode possibilitar a recuperação a partir do segundo semestre de 2024, de acordo com o diretor da Braskem.

A queda no EBITDA demonstrada no balanço é responsável pelo aumento da alavancagem da empresa, afirmou Freitas. A relação entre dívida líquida ajustada pelo EBITDA recorrente atingiu 7,9 vezes em junho de 2023, um aumento de mais de seis vezes em relação ao mesmo período de 2022. No entanto, a dívida líquida permaneceu estável em US$ 4,6 bilhões, com um perfil de longo prazo. A posição de liquidez, com US$ 2,9 bilhões, é suficiente para cobrir os pagamentos de dívida nos próximos seis anos, conforme observado pelo CFO.

Para enfrentar esse cenário desafiador, melhorar o EBITDA e reforçar o caixa, a Braskem está implementando uma série de medidas. De um lado, a estratégia é ser mais seletiva nas atividades comerciais, priorizando a venda de produtos com margens maiores e reduzindo custos em todas as áreas.

Uma das medidas adotadas é a redução da produção em plantas voltadas para mercados menores ou menos rentáveis. Atualmente, a Braskem está operando a 70% de sua capacidade instalada. A empresa também implementou ações para otimizar o capital de giro, ajustar os níveis de estoque e monetizar créditos fiscais registrados nos balanços. “Não existe uma solução única. É a disciplina em todas as frentes da empresa que levará à recuperação do EBITDA”, afirmou Freitas.

Impacto em Alagoas

Além do mercado global, o resultado da Braskem também foi impactado pelo provisionamento adicional de pouco mais de R$ 1 bilhão, necessário devido à decisão relacionada ao acordo de R$ 1,7 bilhão recentemente firmado com a Prefeitura de Maceió. A empresa já havia reconhecido cerca de R$ 700 milhões em seu balanço e também enfrenta uma ação civil pública movida pelo Estado de Alagoas. Freitas afirmou que, sem esse provisionamento, a empresa teria registrado lucro líquido.

Até o momento, a Braskem já desembolsou R$ 8,2 bilhões para lidar com os impactos causados pelo afundamento do solo em bairros de Maceió. Há preocupações no mercado sobre a possibilidade de essa conta ainda aumentar, especialmente porque o governo estadual também está envolvido em litígios relacionados a essa questão.

O diretor financeiro ressaltou que possíveis compensações de ativos públicos estaduais já estão consideradas no provisionamento. No entanto, em relação à maior parte das reivindicações apresentadas, ele explicou que não há um “entendimento convergente”. Isso significa que a discussão continuará nos tribunais.

Questionado pelos jornalistas, Freitas evitou comentar as negociações envolvendo a venda da Braskem pela Novonor.

Com informações da IM Business/Infomoney