Avenida movimentada, barulho ensurdecedor de possantes caminhonetes diesel, motoristas e seguranças uniformizados como requer a alta aristocracia do estado. Delas, como que ungidos pela graça divina, emergem e aparecem tal como astros do protagonismo político nacional, senhores metidos em alinhados ternos, de corte impecável, exclusivos, provavelmente “comprados” nas melhores lojas e grifes europeias. Mesmo lhes acompanhando o característico odor de naftalina, seguem caminhando lentamente, passos pequenos, tudo meticulosamente calculado como quase tudo que fazem, um de cada vez, implorando cumprimentos formais de transeuntes comuns, quem sabe uma self como costumam fazer astros do rock nacional. Lerdamente, talvez por conta de mobilidades reduzidas e com a proeminência de suas largas panças recheadas pelo excesso de consumo de imensos camarões pitu, coisas cotidianas que o destino lhes impôs, dirigiam-se ao átrio do conclave rocambolesco, tudo milimetricamente programado para enaltecer toda sua imponente importância. A tiracolo carregam consigo assessores e repórteres ávidos por noticiar ao “povo” aquilo que de tão relevante previamente foram instruídos a noticiar, pois eis que, quase todos são providos de gordos contracheques, pagos como comissões e gratificações especiais de gabinetes estatais. São pagos para lustrar imagens junto à pobre e ignorante opinião do distinto público piauiense. Brilham como atores holiwoodianos, certamente movidos pelo “nobre” propósito de guardar esses momentos para enxertar suas biografias de “honrados” homens públicos. Cumprimentos efusivos, tapinhas nas costas, muitos “convidados” especiais sentados em lugares reservados apenas aos que do staff fazem parte e para aqueles que com esse circo, sentem prazer em tirar uma lasquinha. Lá na frente, naquela mesa de honra e também muita desonra, lindamente decorada com flores da estação, senhores dignatários dos destinos de nossa gente e dos cofres recheados com recursos públicos, estão sendo homenageados com honrarias criadas exclusivamente para atender aos seus caprichos pessoais da quase santa e imaculada necessidade de ostentação social. O negócio é estar na boca do povo. Sentir-se-ão líderes de uma sociedade cuja maior marca é a ignorância servil de seu povo, posto que tudo tem sido feito apenas para manter aparência de êxito na sociedade cada vez menos exitosa, atrasada, empobrecida e enganada. Aparência é tudo. É o legado transmitido como maior lição ao povinho da província, pois que sem essa ignorância e a costumeira servidão do povo acostumado aos favores miúdos, seus reinados hão de perecer e de ser definitivamente sepultados. Rapapés extremados de elogios fáceis, sorrisos forçados, características dos abobalhados que se vangloriam por ter seus peitos espetados por medalhas e honrarias criadas exclusivamente para tal fim, à semelhança de como se comportam tiranetes africanos. São Deuses no olimpo da mediocridade piauiense. Verdadeiros senhores de feudos políticos e reinados construídos à sua volta com dinheiro público. Duques de ilhas de poder. É assim que alguns piauienses “ilustres” adoram sentir-se quando se aboletam à mesa de honra preparada com esmero e bajulação por apadrinhados servis, com o proposito exclusivo da auto promoção. Neste teatro rocambolesco de mediocridades, filhos alçados à cargos públicos espetam medalhas nos peitos varonis de pais poderosos, cunhados homenageiam cunhados pois que sem este, a vidinha fica muito mais difícil, juízes não podem ser mantidos à distância pois que no futuro podem ser-lhes úteis e os favores podem ser cobrados, deputados medíocres e apagados também recebem suas honrarias, pois vai que um dia precisem de um empurrãozinho legislativo e uma leizinha aqui, um decretinho ali que lhes quebrem alguns “galhos”?
E é assim que o Piauí premia a incompetência e mantem-se no último lugar em todos os índices de desenvolvimento apurados pelos institutos especializados. Continuamos décadas após décadas como um dos últimos entre os estados do Nordeste e no Brasil. Aqui o interesse e todos é comum, pois que sabem a importâncias em manter esse estado de coisas sempre como estão, pois sem isso, talvez o povo acorde dessa letargia em que se encontram e resolvam partir para mudar esse cenário de atraso e pobreza.
Temos os políticos que merecemos pois que o povo que os escolhe é o povo que temos.
Até Deus, não duvidem, tem pena e dó de nossa sorte!
Deus salve o Piauí e Teresina, terra do sol e da luz.