Nos últimos anos, o cenário das vendas porta a porta tem passado por transformações significativas, resultando em uma ‘mudança de cara’ nesse segmento comercial tradicional, tradicional no Brasil. Anteriormente, era comum associar as vendas porta a porta principalmente ao público feminino, com mulheres desempenhando o papel de vendedoras itinerantes de produtos diversos (a chamada sacoleira). No entanto, com o advento da pandemia da Covid 19, que afetou o emprego no país, aliado a adesão de empresas, essa realidade se modificou. Hoje, cada vez mais homens têm ingressado nesse mercado. O que tem contribuido para um cenário mais diversificado e inclusivo.
Essa mudança pode ser atribuída a diversos fatores. Um dos principais é a crescente busca por empreendedorismo e renda extra por parte dos homens, que antes não se sentiam tão atraídos por esse modelo de vendas. Hoje, muitos homens percebem a oportunidade de complementar a renda e exploram o potencial desse mercado para obter ganhos significativos.
Novas tecnologias
Além disso, com o avanço das tecnologias e a ampliação das possibilidades de acesso à informação, o mercado de vendas porta a porta se modernizou. Ferramentas digitais, como redes sociais e aplicativos de mensagens, têm sido amplamente utilizadas pelos vendedores para divulgar seus produtos e estabelecer um relacionamento mais próximo com seus clientes. E isso, acabou atraindo uma maior diversidade de público, incluindo os homens.
Mudança de comportamento
Outro ponto importante é que alguns segmentos específicos de produtos têm se destacado nas vendas porta a porta e atraído um público mais masculino. Produtos relacionados à tecnologia, acessórios esportivos, produtos de cuidados pessoais e até mesmo itens de moda masculina têm sido comercializados com sucesso por vendedores do sexo masculino, que se identificam mais com esses nichos e conseguem estabelecer uma comunicação mais assertiva com seus potenciais clientes.
Essa mudança de perfil nos vendedores porta a porta traz um importante aspecto positivo: a quebra de estereótipos de gênero. A presença de homens nesse setor desafia a ideia preconcebida de que apenas mulheres têm habilidades ou interesse em realizar vendas de forma itinerante. Essa quebra de paradigma amplia as possibilidades de carreira e empreendedorismo para homens que antes não consideravam essa atividade como uma opção viável.
Hoje, em qualquer capital ou grandes e médias cidades pelo Brasil a fora é comum encontrar homens vendendo chocolate, bombons caseiros, bolo de pote, pano de prato, tapetes artesanais, perfumes, relógios de porta em porta. Com a popularização e democratização de produtos eletrônicos abriu um nicho para a venda de acessórios de celulares e computadores e os homens abraçaram esse mercado.
Marcos Leão, antes mesmo da pandemia a empreender. No início era só confecção, um ramo até então dominado pelas mulheres, onde as venda eram feitas pela internet, mas logo diversificou os produtos. Há dois anos abriu uma loja física e hoje já possui um mix de produtos onde o carro forte é a perfumaria.
“Eu hoje a minha porta a porta é de lojistas, pois passei a distribuir. Forneço para boa parte dos comércios do ramo na capital e interior do Piauí e Maranhão”, explica.
No entanto, ainda é importante salientar que apesar da crescente presença masculina nas vendas porta a porta, as mulheres continuam desempenhando um papel fundamental nesse mercado. A experiência, a empatia e a habilidade de comunicação que muitas mulheres possuem continuam sendo características valorizadas nesse tipo de atividade comercial.
Em resumo: a ‘mudança na cara’ das vendas porta a porta, com mais homens ingressando nesse mercado, é uma demonstração da evolução e adaptação desse setor aos novos tempos. Essa diversificação traz benefícios para todos os envolvidos, permitindo que homens e mulheres encontrem oportunidades de empreender, obter renda e construir carreiras bem-sucedidas em um cenário cada vez mais inclusivo e igualitário.
Por Douglas Ferreira