Por Douglas Ferreira, com informações Meio
Essa história é de deixar qualquer um de ‘queixo caído’, especialmente aqui no Nordeste. O que pegou todos de surpresa foi o fato de que o Estado do Piauí superou São Paulo. Isso mesmo, o Piauí, um Estado conhecido por suas lutas e desafios, superou o Estado mais rico da federação. Você pode estar imaginando que esse feito foi na criação de empregos ou na abertura de novas empresas. Talvez na redução da criminalidade ou no combate ao tráfico de drogas? Nada disso. O Piauí superou São Paulo na realização de pesquisas eleitorais! Incrível, não?
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram registradas 3.604 pesquisas eleitorais, das quais 430 ocorreram no Piauí. O segundo Estado com mais pesquisas foi São Paulo, que teve 388 registros. E isso em um Estado com 645 municípios, enquanto o Piauí tem apenas 224. Como explicar tanta pesquisa eleitoral no Piauí? Será que virou negócio?
Se analisarmos esse festival de pesquisas, no período pré-eleitoral, fica evidente que o Piauí se transformou no palco de maior disputa política do Brasil, com um eleitorado altamente envolvido no processo. Os números do TSE mostram que 11,93% de todas as consultas realizadas no país ocorreram no Piauí.
Mesmo com uma população eleitoral muito menor, o Piauí realizou 42 pesquisas a mais do que São Paulo, um Estado com um colégio eleitoral quase dez vezes maior. Isso, antes mesmo do início oficial das campanhas, previsto para o dia 5 de agosto. O resultado disso é uma guerra de pesquisas que ao invés de ajudar atrapalha o eleitor na hora de escolher o candidato.
Essa liderança do Piauí não é isolada. Outros Estados do Nordeste, como Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Maranhão, também aparecem entre os que mais realizaram pesquisas. Veja o caso de Minas Gerais, que tem 853 municípios e mais de 16 milhões de eleitores e só foram registradas 183 pesquisas, o Piauí, com seus 2,6 milhões de votantes, fez 247 consultas a mais. Estranho, não?
O que chama a atenção são os detalhes: enquanto São Paulo gastou R$ 7,4 milhões para ouvir 262 mil eleitores, o Piauí gastou R$ 2,6 milhões para ouvir 189 mil pessoas. O custo por pesquisado no Piauí foi de R$ 13,98, menos da metade do valor gasto em São Paulo. E ainda mais surpreendente, Estados como o Rio de Janeiro têm um custo por pesquisado ainda maior, chegando a R$ 34,51.
Esses números nos levam a questionar a fonte de financiamento dessas pesquisas, que podem ser pagas com recursos próprios de partidos e candidatos ou com o fundo eleitoral. E aí fica o alerta: se o dinheiro vem do fundo eleitoral, estamos falando de recursos públicos. Se vem do bolso dos candidatos, pode gerar uma desigualdade perigosa entre quem pode mais e quem pode menos.
Esse cenário merece atenção. Afinal, a grande quantidade de pesquisas em um Estado como o Piauí não pode passar despercebida, seja pelo impacto político, seja pelo uso dos recursos envolvidos.