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Publicado em: 1 agosto 2024 às 15:33 | Atualizado em: 1 agosto 2024 às 15:37

Resistência cultural: Como a Procissão das Sanfonas fortalece a identidade nordestina em Teresina

Por Douglas Ferreira

A Procissão da Sanfona reúne desde sanfoneiros mirins até os mais experimentados – Foto: Reprodução

A cultura nordestina é uma força vital que pulsa no coração do povo, manifestando-se em uma rica tapeçaria de religiosidade, música, arte e tradição. Em Teresina, essa essência é celebrada de maneira única através da Procissão das Sanfonas, um evento que, além de resgatar a espiritualidade, exalta a música que se tornou um símbolo do Nordeste: a sanfona. Neste ano, a cidade se prepara para a 16ª edição da Procissão, um evento que celebra o Dia da Cultura Nordestina e homenageia o legado do inesquecível Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

O nordestino tem a capacidade de entrelaçar sua fé com suas raízes culturais, criando uma identidade vibrante e inconfundível. A Procissão das Sanfonas é um exemplo vivo dessa fusão, onde dezenas de sanfoneiros, músicos e entusiastas da cultura se reúnem em um cortejo que une gerações. A concentração acontece na Catedral de Nossa Senhora das Dores, um ponto de partida carregado de simbolismo religioso, de onde os participantes seguem pelo calçadão da Rua Simplício Mendes até o Museu do Piauí. Lá, um palco aguarda para as apresentações culturais, homenagens e premiações que encerram o evento.

Mais do que uma festa o evento é um resgate da cultura regional – Foto: Reprodução

A escolha do dia 2 de agosto para celebrar a Cultura Nordestina não é por acaso. Nesta data, em 1989, o Brasil perdeu Luiz Gonzaga, mas seu espírito e sua música continuam a ecoar nas sanfonas que conduzem essa procissão. Este ano, o evento também presta tributo aos 180 anos de nascimento de Padre Cícero Romão Batista, uma figura emblemática na religiosidade nordestina, e aos 90 anos de João do Vale, outro grande nome da música brasileira, natural de Pedreiras no Estado vizinho do Maranhão.

Sob a liderança do professor Wilson Seraine e da Colônia Gonzaguiana do Piauí, a Procissão das Sanfonas se consolidou como um evento que não apenas preserva, mas também revitaliza a cultura nordestina na cidade Teresina. O professor Seraine, um dos idealizadores da procissão, destaca a importância de atrair as novas gerações para esse movimento de valorização cultural. “Nossa intenção é também atrair os jovens para esse movimento de valorização da cultura nordestina. Colaborar com a revitalização do Centro de Teresina. E, claro, valorizar o legado e o trabalho daqueles que muito fizeram e fazem pela cultura regional”, afirma ele.

O evento que está na 16ª edição reúne cada vez mais fieis e apoiadores – Foto: Reprodução

A cada ano, cresce o número de jovens sanfoneiros e sanfoneiras que se juntam ao cortejo, demonstrando que a sanfona não é apenas um instrumento do passado, mas uma peça central no futuro da música nordestina. O evento, promovido com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Fundação Municipal de Cultura (FMC), tem ampliado o interesse pelo acordeon e tem sido fundamental para a revitalização do Centro de Teresina.

Além de celebrar a cultura, a Procissão das Sanfonas é uma homenagem ao legado de Luiz Gonzaga, cujos bonecos gigantes, ao lado de figuras icônicas como Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita, acompanham o cortejo. Esta é uma celebração que transcende a música, tocando as almas e corações de todos que reconhecem a riqueza da cultura nordestina.

Assim, a Procissão das Sanfonas não é apenas um evento; é uma manifestação viva da cultura, uma reafirmação da identidade nordestina e uma demonstração de que o legado do Rei do Baião continua a inspirar e a unir gerações. Sob a batuta da Colônia Gonzaguiana, essa celebração se tornou um símbolo de resistência cultural, fortalecendo as raízes nordestinas e garantindo que a sanfona continue a tocar, com força e fé, nos corações de todos.