Por Douglas Ferreira
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou recentemente que a Venezuela “não se configura como uma democracia”, uma declaração que contrasta com a postura do presidente Lula. Durante uma entrevista ao site Metrópoles, Marina ressaltou que, em sua opinião pessoal, o regime democrático exige eleições livres, transparência nos sistemas eleitorais e ausência de perseguições políticas.
A posição e o pensamento da ministra Marina Silva tem relevância não apenas por destoar do discurso apresentado pela esquerda, o Partido dos Trabalhadores e o próprio presidente Lula, mas, sobretudo, pela peso das palavras de uma ambientalista conhecida em toda a América Latina, Europa e restante do mundo.
Marina Silva destacou que sua visão é pessoal e não representa a posição oficial do governo, embora tenha elogiado a abordagem do Brasil em exigir clareza sobre os resultados eleitorais na Venezuela. Por outro lado, o presidente Lula minimizou as preocupações, afirmando que não houve “nada de grave” nas eleições venezuelanas e que a contestação dos resultados pela oposição faz parte de um “processo normal”.
O contraste nas declarações de Marina Silva e Lula reflete uma divergência interna no governo sobre a situação na Venezuela, mesmo que ambos concordem com a importância de avaliar cuidadosamente os resultados eleitorais.
A eleição na Venezuela, concluída no domingo (28), terminou com a declaração de vitória de Nicolás Maduro, que supostamente obteve 51,2% dos votos. No entanto, a oposição e líderes internacionais denunciaram o processo como fraudulento. A Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que o pleito foi marcado por “vícios, ilegalidades e más práticas”. Mesmo sem a divulgação oficial das atas eleitorais, Maduro foi proclamado presidente na segunda-feira (29).
A reação à eleição foi intensa, com protestos se espalhando por várias cidades da Venezuela, resultando em pelo menos 12 mortos. Os manifestantes, exigindo a recontagem dos votos, derrubaram estátuas de Hugo Chávez, em várias cidades, em sinal de insatisfação com o resultado.
Esses acontecimentos destacam a crescente tensão no país e a divisão internacional sobre a legitimidade do governo venezuelano.