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Publicado em: 29 julho 2024 às 19:19 | Atualizado em: 29 julho 2024 às 19:21

Investimentos de US$ 6 mi buscam mais resistência da cultura da soja; entenda

Por Douglas Ferreira

O objetivo é chegar a uma semente mais resistentes às altas temperaturas – Foto: Reprodução

O avanço do agro no Brasil e no restante do mundo não é resultado apenas do esforço dos fazendeiros. A agricultura brasileira é mundialmente reconhecida não só pelo volume, mas também pela qualidade dos grãos produzidos. Esse sucesso é fruto de constantes investimentos em pesquisas, tanto por instituições públicas quanto privadas, focadas no melhoramento e aumento da produtividade.

Em outros países as pesquisas também são o carro-chefe para o melhoramento das sementes, sobretudo, no tocante à resistência à pragas e à intempéries. Recentemente, pesquisadores americanos desenvolvem estudos de resistência da soja que envolvem investimento significativo de US$ 6 milhões.

Iniciativa para aumentar a produtividade da soja

Pesquisadores do LSU AgCenter estão participando de um estudo financiado pela National Science Foundation (NSF) com o objetivo de desenvolver variedades de soja mais resistentes. O calor extremo e a seca são grandes ameaças, podendo reduzir a produção de soja nos Estados Unidos em até 40% nos próximos 25 anos. A NSF concedeu US$ 77,8 milhões a 14 projetos, dos quais US$ 6 milhões são destinados ao Programa Interdisciplinar para o Avanço da Resiliência Climática Extrema na Soja (iPACERS), financiado pelo Programa Estabelecido para Estimular a Pesquisa Competitiva (EPSCoR).

Liderança e colaboração

Shahid Mukhtar, geneticista e professor do Departamento de Genética e Bioquímica da Universidade Clemson, lidera a equipe de pesquisadores que estudam como o calor e a seca afetam a soja. A equipe inclui cientistas da University of Alabama em Birmingham, Mississippi State University e Louisiana State University Agricultural Center. Eles visam identificar soluções biológicas naturais que permitam à soja sobreviver e prosperar em condições climáticas extremas.

Metodologia de pesquisa

O projeto iPACERS adota uma abordagem detalhada, analisando desde o nível celular até a planta inteira, incluindo o estudo das comunidades microbianas do solo. O laboratório de Mukhtar foca nos mecanismos moleculares de como o calor e a seca afetam células individuais em cinco estágios de crescimento da planta. A pesquisa envolve a sequenciação de RNA para entender as respostas celulares ao estresse ambiental.

Os pesquisadores da Mississippi State se concentram na parte aérea da planta, utilizando drones e veículos robóticos para integrar dados climáticos com dados moleculares. Na LSU, o foco é no sistema radicular e no microbioma do solo, analisando como a arquitetura das raízes e os nódulos bacterianos são afetados pelo calor e pela seca.

Uso de inteligência artificial e impacto prático

A equipe utilizará inteligência artificial para integrar os dados coletados e identificar micróbios que podem mitigar o estresse térmico e hídrico. Esses micróbios poderão ser aplicados às plantações de soja para aumentar o rendimento, por meio de revestimento de sementes, pulverização ou outros métodos.

Objetivos e benefícios do projeto

O projeto iPACERS não se limita à pesquisa científica, mas também inclui o desenvolvimento de uma força de trabalho STEM diversificada e a educação pública sobre as mudanças climáticas e seus impactos na segurança alimentar. A pesquisa pode servir de modelo para outras culturas, como o milho, potencialmente beneficiando toda a agricultura americana.

Conclusão

Os investimentos em pesquisa são cruciais para a continuidade do sucesso agrícola, especialmente em culturas tão importantes como a soja. Com o apoio de instituições como a NSF e a colaboração entre diversas universidades, o futuro da soja parece promissor, com novas variedades mais resistentes que podem suportar as adversidades climáticas e garantir a segurança alimentar global.