Por Douglas Ferreira
A fome no Brasil é um problema secular que, apesar de esforços contínuos para combatê-la, ainda afeta milhões de brasileiros. Embora os governos sucessivos afirmem investir bilhões para enfrentar a insegurança alimentar, o relatório mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU) revela a extensão deste desafio.
Relatório da ONU: Insegurança alimentar cai, mas ainda atinge milhões
De acordo com um relatório divulgado pela ONU em 24 de julho, a população brasileira em situação de insegurança alimentar diminuiu de 32,8%, no período de 2020 a 2022, para 18,4% entre 2021 e 2023. Esta redução de quase metade (-43,9%) indica uma melhoria significativa:
- Entre 2020 e 2022, 66,6 milhões de brasileiros enfrentavam insegurança alimentar moderada ou grave.
- Entre 2021 e 2023, esse número caiu para 37,3 milhões, enquanto 29,2 milhões de pessoas saíram dessa condição.
Tipos de insegurança alimentar
- Insegurança alimentar moderada: As pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos, forçando-as a reduzir a qualidade e/ou a quantidade do que consomem devido à falta de dinheiro ou outros recursos.
- Insegurança alimentar grave: Em casos mais extremos, as pessoas ficam sem comida, passam fome e, em alguns momentos, podem ficar sem comer por um dia ou mais.
Dados específicos
Considerando apenas a insegurança alimentar grave:
- De 2020 a 2022, 9,9% dos brasileiros (20,1 milhões) estavam nessa condição.
- De 2021 a 2023, essa porcentagem caiu para 6,6% (13,4 milhões).
Aumento da desnutrição infantil
O relatório também destaca um crescimento na desnutrição aguda entre crianças de até 5 anos, passando de 6,3 milhões (2020-2022) para 6,9 milhões (2021-2023). Esse aumento é preocupante, pois aponta para uma deterioração na saúde infantil, mesmo com a redução geral na insegurança alimentar.
Recuo na subnutrição geral
Por outro lado, a subnutrição geral entre os brasileiros recuou de 4,7% da população (2020-2022) para 3,9% (2021-2023), reduzindo o número de subnutridos de 9,5 milhões para 7,9 milhões.
Conclusão
Apesar das melhorias significativas na redução da insegurança alimentar no Brasil, milhões de brasileiros ainda enfrentam incertezas diárias sobre o que comer. O aumento da desnutrição aguda entre crianças é um sinal de alerta, exigindo ações mais eficazes e direcionadas. Até o fechamento desta matéria, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que tem à frente o ministro José Wellington Barroso de Araújo Dias, não se pronunciou sobre os dados apresentados. A luta contra a fome continua sendo um desafio crucial para o país, exigindo atenção constante e políticas robustas para garantir a segurança alimentar de todos os brasileiros.