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Publicado em: 8 julho 2024 às 19:49 | Atualizado em: 8 julho 2024 às 19:51

Enigma dos artefatos antigos: Ciência desvenda o funcionamento de computador de 100 a.C.

Por Douglas Ferreira com informações Meteored

Descoberto como funcionava um dos primeiros computadores analógicos do mundo – Foto: Ancient History

Há centenas, talvez milhares de equipamentos e artefatos antigos descobertos pelo homem moderno que desafiam explicações científicas. No entanto, físicos recentemente desvendarem como um “computador” datado de 100 a.C. funcionava, utilizando técnicas modernas da Astronomia.

Mecanismo Antikythera: Um mistério desvendado

Em 1901, nas proximidades da ilha grega de Antikythera, foi encontrado entre os destroços de um navio naufragado um dispositivo intrigante, posteriormente batizado de Mecanismo de Antikythera. Com partes complexas e corroídas pelo tempo, esse mecanismo, estimado em cerca de 100 a.C., sempre deixou os pesquisadores perplexos por sua avançada engenharia.

Um computador analógico antigo

Por mais de um século, cientistas tentaram decifrar o propósito do Mecanismo de Antikythera. Mesmo com partes faltando, concluiu-se que funcionava como uma calculadora astronômica para prever a posição dos planetas e da Lua no céu. Recentemente, um grupo liderado pelo astrofísico Graham Woan, da Universidade de Glasgow, utilizou técnicas astronômicas para entender com precisão seu funcionamento.

Técnicas modernas para compreensão antiga

Empregando técnicas matemáticas avançadas, o grupo de Woan detalhou o uso do dispositivo, revelando como os gregos antigos estudavam Astronomia. A análise estatística utilizada, conhecida como análise Bayesiana, permitiu determinar que o mecanismo tinha 354 ou 355 buracos, correspondendo a um calendário lunar, uma descoberta que muda nossa compreensão sobre a cultura e a ciência gregas.

O mecanismo encontrado em 1901 nos destroços de um navio perto da ilha Antikythera na Grécia – Foto: History Blog

Características e função do mecanismo

Com o tamanho aproximado de uma caixa de sapatos, o Mecanismo de Antikythera possuía engrenagens intrincadas que surpreenderam os especialistas em cultura grega, inicialmente céticos sobre sua datação. No entanto, agora é confirmado como um calendário astronômico utilizado para medir períodos e posições de astros como o Sol, a Lua e os planetas conhecidos na época (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno).

Pesquisas recentes e descobertas

Em 2020, imagens de raios-X revelaram detalhes adicionais da estrutura interna do mecanismo. Com buracos regularmente espaçados, inicialmente estimou-se que havia entre 347 e 367 buracos, possivelmente correspondendo ao calendário solar. A técnica de análise de ondas gravitacionais utilizada por Woan refinou essa estimativa para 354 ou 355 buracos, apontando para um calendário lunar.

Controvérsias e implicações

A descoberta de que o dispositivo pode ter utilizado um calendário lunar, semelhante ao calendário egípcio da época, gera debates entre especialistas. Alguns argumentam que a complexidade do objeto é incompatível com o conhecimento tecnológico daquele período, enquanto outros questionam a datação original do mecanismo.

Conclusão

A revelação do funcionamento do Mecanismo de Antikythera não só desvenda um dos maiores enigmas arqueológicos, mas também destaca a sofisticação da ciência grega antiga. Utilizando técnicas modernas de Astronomia e Matemática, os pesquisadores proporcionaram uma visão fascinante de como os antigos gregos estudavam o cosmos, reforçando a noção de que muitos mistérios ainda aguardam ser desvendados.