Por Douglas Ferreira
O cenário atual da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) revela uma situação complexa e multifacetada. Embora o reconhecimento com o Selo de Qualidade OAB Recomenda seja um motivo de orgulho, há diversas críticas e preocupações legítimas por parte dos alunos e professores. As contradições entre a comemoração do governador Rafael Fonteles e os problemas estruturais e acadêmicos enfrentados pelos campi da UESPI apontam para um desafio maior na gestão e investimento na educação superior.
Pontos positivos
- Reconhecimento pelo Selo OAB: O curso de Direito da UESPI recebeu uma distinção significativa, colocando-o entre os 10% melhores do país. Isso é um indicativo de qualidade em alguns aspectos do ensino jurídico na universidade.
Problemas apontados
- Desatualização das bibliotecas e infraestrutura: Infiltrações e falta de manutenção são problemas que impactam diretamente o ambiente de estudo e a qualidade do ensino.
- Falta de professores: A carência de docentes compromete a formação acadêmica dos estudantes, afetando a cobertura de disciplinas e a qualidade do aprendizado.
- Realocação do Curso de Direito: A transferência do curso de Direito do Campus Torquato Neto para o Clóvis Moura tem gerado insatisfação entre os alunos devido às dificuldades de deslocamento e outras questões logísticas.
Comentários dos alunos
Na próprio post do governador muitos acadêmicos reagiram às declarações de Rafael Fonteles. Uns a favor e outros contra.
- Gabriela Silva: Criticou a comemoração do governador, destacando a contradição entre o reconhecimento e a falta de consideração pelas demandas dos estudantes e professores.
- Gilmas Reis: Enfatizou a falta de investimentos mínimos, como a contratação de professores.
- José Ronaldo de Franca: Manifestou orgulho pela UESPI, destacando os avanços e apoiando o governador.
Reflexão sobre a estratégia educacional
O excesso de cursos de Direito em contraste com a carência de cursos de áreas como Medicina e Engenharia aponta para uma necessidade urgente de reavaliar a estratégia de educação superior no Brasil. Comparações internacionais, como o número de programas de engenharia na China, ressaltam a discrepância e a necessidade de investir em áreas que atendam melhor às demandas do mercado de trabalho e ao desenvolvimento do país. Detalhe: O Brasil tem mais faculdades de Direito do que todos os países no mundo, juntos. Segundo estudo da Universidade Federal de Goiás, “Existem 1.240 cursos superiores para a formação de advogados em território nacional enquanto no resto do planeta a soma chega a 1.100 universidades”.
Já os cursos de Medicina somam 389, enquanto os de engenharia se resumem a 42 em todo o país.
Considerações finais
A situação da UESPI e a comemoração do Selo OAB Recomenda são aspectos que precisam ser analisados com cuidado. Enquanto o reconhecimento é positivo, ele não deve ofuscar as necessidades reais e urgentes da infraestrutura e do corpo docente. É fundamental que o governo e a administração da universidade trabalhem para resolver esses problemas, garantindo uma educação de qualidade para todos os alunos.