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Publicado em: 22 junho 2024 às 10:51 | Atualizado em: 22 junho 2024 às 11:12

Fusão da Gol e Azul pode resultar em aumento das tarifas aéreas e concentração de rotas

Por Wagner Albuquerque

Imagem: Reprodução.

A possível compra da Gol pela Azul está gerando preocupações entre especialistas do mercado. Eles alertam que a operação pode levar à monopolização de diversos aeroportos, com uma única companhia controlando quase todas as rotas.

Além disso, há temores de que os preços das passagens subam e a oferta de assentos diminua. A fusão entre as duas empresas ainda precisa ser aprovada por órgãos governamentais para evitar problemas de concorrência que possam afetar diretamente os consumidores.

Para Holland, um dos principais problemas da concentração de mercado é que determinados aeroportos ou rotas possam ser operados exclusivamente pela nova empresa. Isso poderia acontecer nos aeroportos de Confins (MG), Recife (PE) e Galeão (RJ), que teriam 88%, 84% e 81% de seus voos controlados pela companhia resultante da fusão.

“Se a empresa majoritária enfrentar sérias dificuldades, a população dessas áreas pode sofrer grandes transtornos”, alerta Holland.

De acordo com o professor, a Azul tem um modelo de negócios diferente do da Gol, o que pode levar ao aumento das tarifas. Em 2023, o valor médio das passagens foi de R$ 717 na Azul, R$ 606 na Latam e R$ 576 na Gol, conforme dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Holland observa que, como a Azul cobra em média 24% a mais que a Gol nas 96 rotas onde competem, a fusão provavelmente resultaria em um aumento significativo nas tarifas. Além disso, haveria uma redução no número de assentos para evitar a sobreposição de voos nas mesmas rotas.

O estudo do professor da FGV também destaca que a fusão poderia resultar na demissão de funcionários da Gol. Os ganhos e a eficiência econômica se limitariam ao aumento de receitas para a Azul devido à redução de operações e de pessoal, sem benefícios para os consumidores.

Em 2023, a Latam detinha 37,8% da demanda no mercado doméstico, a Gol 33,3% e a Azul 28,4%. A fusão concentraria mais de 60% da demanda nacional em uma única empresa.