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Publicado em: 22 junho 2024 às 10:18 | Atualizado em: 22 junho 2024 às 11:11

Maduro pode iniciar invasão à Guiana após eleições

Por Wagner Albuquerque

Ditador venezuelano, Nicolás Maduro. Foto: Reprodução.

Um relatório do think tank americano Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) divulgado em maio apontou a possibilidade de a Venezuela invadir a vizinha Guiana após a eleição presidencial de 28 de julho. O objetivo seria desviar a atenção da indignação nacional e internacional diante de um provável resultado fraudulento.

A Venezuela reivindica soberania sobre o Essequibo, uma região de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da Guiana. Embora analistas acreditem que o ditador Nicolás Maduro dificilmente teria condições de promover uma guerra contra a Guiana, a escalada da retórica do regime chavista aumenta a preocupação de uma possível ofensiva militar.

O relatório do CSIS sugere que o discurso agressivo pela tomada do Essequibo pode ser uma tática para desviar a atenção da crise política, social e econômica na Venezuela. Especialistas argumentam que a importância do Essequibo pode diminuir após a reeleição de Maduro, mas alertam que o curso de ação pós-eleitoral pode ser ainda mais perigoso.

No mesmo relatório, o CSIS destacou que a retórica inflamada do regime chavista sobre o Essequibo, junto com a construção de infraestruturas e o deslocamento de tropas e equipamentos militares perto da fronteira com a Guiana, contribuem para uma sensação de preparação constante para a guerra. Em maio, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, anunciou o envio de “patrulhas aéreas” em resposta ao sobrevoo de aviões da Marinha dos Estados Unidos sobre Georgetown, a capital da Guiana.

Analistas militares, no entanto, discordam do cenário pintado pelo CSIS. O coronel da reserva e analista militar Paulo Roberto da Silva Gomes Filho expressou ceticismo quanto à possibilidade de uma invasão venezuelana. Ele apontou três razões principais: a estrutura sucateada da Fanb, a provável reação dos Estados Unidos em caso de invasão, e o foco dos grandes aliados de Maduro, Rússia e Irã, em outros conflitos.

Apesar de não acreditar numa invasão, Gomes Filho admitiu que o chavismo pode tentar criar algum factoide relacionado ao Essequibo antes da eleição, de modo a galvanizar o sentimento patriótico/nacionalista às vésperas do pleito eleitoral. Com as pesquisas e a pressão internacional gerando ao chavismo o maior risco em anos de finalmente ser destronado, a disputa pelo Essequibo pode ter capítulos decisivos nas próximas semanas.