Por Wagner Albuquerque
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (19), manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 10,50% ao ano. A decisão foi unânime, apesar da pressão do governo Lula por uma redução maior. Com isso, o Copom interrompeu o ciclo de cortes na Selic, que vinha sendo realizado desde agosto do ano passado.
Nos últimos meses, o Copom havia reduzido o ritmo de cortes, passando de uma redução de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual em maio. A decisão de desacelerar os cortes dividiu a diretoria do Banco Central naquela ocasião. No entanto, o comunicado mais recente enfatiza que o cenário global incerto e a resiliência da atividade econômica doméstica, juntamente com as projeções de inflação elevadas, exigem uma postura mais cautelosa.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem sido alvo de críticas do presidente Lula, que o acusa de falta de autonomia e de prejudicar o país ao manter a taxa de juros elevada. Na terça-feira (18), Lula criticou Campos Neto em uma entrevista, e o Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com uma ação na Justiça contra ele por suposta atuação político-partidária. O PT também acusou a direção do Banco Central de sabotagem às políticas de crédito, investimento e às contas públicas.
A decisão unânime do Copom ressalta a coordenação entre os diretores do Banco Central na defesa da meta de inflação. Segundo o boletim Focus, as expectativas de inflação para 2024 e 2025 estão em torno de 4,0% e 3,8%, respectivamente. O comunicado do Copom destacou que a política monetária deve permanecer contracionista pelo tempo necessário para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação nas metas estabelecidas.