Por Wagner Albuquerque
Um funcionário atual da Boeing acusou a empresa de tentar esconder peças defeituosas dos órgãos reguladores, conforme revelado por uma investigação do Senado divulgada nesta terça-feira (18). De acordo com o denunciante, Sam Mohawk, que trabalha na unidade de garantia de qualidade da Boeing em Renton, Washington, a fabricante teria removido peças fora de conformidade da vista dos inspetores da Administração Federal de Aviação (FAA) e falsificado registros para evitar detecção.
Mohawk afirmou que a Boeing não conseguiu rastrear várias dessas peças, o que levanta preocupações de que elas possam ter sido instaladas em aeronaves. A revelação surge em meio a uma investigação mais ampla sobre práticas de segurança na Boeing, que já enfrenta críticas severas e intensas investigações desde uma série de incidentes envolvendo o 737 Max.
A Boeing, por sua vez, declarou ter recebido o relatório dos investigadores do Congresso e está revisando as alegações. Em comunicado, a empresa enfatizou seu compromisso com a segurança e encorajou os funcionários a relatarem quaisquer preocupações. O CEO, Dave Calhoun, enfrentará as novas acusações e outras questões relacionadas à segurança em sua primeira audiência no Congresso nesta terça-feira.
Os comentários preparados de Calhoun, compartilhados antecipadamente com a imprensa, indicam que ele reconhece os desafios culturais dentro da Boeing, mas nega a alegação de que a empresa retaliou contra funcionários que levantaram preocupações de segurança. Ele enfatizará que a Boeing está empenhada em melhorar suas práticas e em criar um ambiente onde os funcionários se sintam seguros para reportar problemas.
A audiência do Senado sobre a cultura de segurança na Boeing, intitulada “A cultura de segurança quebrada da Boeing”, é a mais recente de uma série de audiências no Congresso este ano sobre as questões enfrentadas pela fabricante de aeronaves. O depoimento de Calhoun e de outros executivos da Boeing é aguardado com grande expectativa, especialmente diante das acusações de práticas inadequadas e da necessidade de reformas dentro da empresa para restaurar a confiança no setor aéreo.