Por Douglas Ferreira
Após declarações controversas do presidente Lula que sacudiram o mercado financeiro e elevaram o dólar, o governo federal agiu rapidamente para mitigar os danos. O aumento na pressão para conter os gastos públicos já era uma demanda antiga do mercado, que acusa o governo de gastar de maneira descontrolada. A resposta contundente veio do Ministério da Fazenda, onde o ministro Fernando Haddad anunciou uma nova fase de cortes de gastos. Esse anúncio foi suficiente para acalmar os mercados e provocar uma queda no dólar.
Nesta quinta-feira, 13, Haddad se reuniu com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Após a reunião, ambos comunicaram à imprensa as novas medidas de corte de despesas, o que fez o dólar recuar de R$ 5,43 para R$ 5,36.
O ministro Haddad destacou que a agenda de revisão de gastos públicos ganhará “tração” nas próximas semanas, especialmente com a preparação do orçamento de 2025. “Estamos colocando bastante força nisso, fazendo uma revisão ampla, geral e irrestrita para acomodar as várias pretensões legítimas do Congresso e do Executivo, mas sobretudo para garantir tranquilidade no ano que vem”, afirmou Haddad.
A resposta imediata do mercado à declaração de Haddad foi positiva, com o dólar recuando significativamente. Haddad ressaltou que o Congresso está disposto a avançar com a limitação dos supersalários no serviço público, correção de benefícios irregulares e melhorias nos cadastros. “Tudo isso voltou para a mesa de discussões, facilitando nosso trabalho de equilibrar as contas”, avaliou o ministro.
A ministra Tebet também reforçou a seriedade das medidas em estudo, destacando que não se trata de popularidade, mas de responsabilidade fiscal. “Temos medidas que não dependem de serem populares ou impopulares, e que serão apresentadas. Não fugimos da responsabilidade”, afirmou Tebet.
PIS/Cofins e a busca por equilíbrio fiscal
Outro ponto abordado por Haddad foi a limitação dos créditos do PIS/Cofins, que poderá ser discutida novamente em forma de projeto de lei. A medida provisória anterior, que previa arrecadar até R$ 29 bilhões para compensar a desoneração da folha de pagamentos, foi devolvida pelo Congresso após forte reação contrária do setor produtivo. Haddad enfatizou que, apesar da devolução, a revisão de gastos continuará, pois foram identificadas fraudes e mau uso do instrumento.
“O dia a dia da Receita Federal inclui localizar brechas que estão sendo mal utilizadas, o que corrompe o sistema de concorrência”, concluiu o ministro.
Contexto e implicações
As ações do governo para cortar gastos e revisar despesas vêm em um momento crucial, onde a confiança no mercado financeiro está abalada pelas declarações do presidente e pela percepção de descontrole fiscal. A rápida resposta do Ministério da Fazenda demonstra um compromisso com a estabilidade econômica, essencial para recuperar a confiança dos investidores e estabilizar a moeda.
Com a montagem do orçamento de 2025 e a implementação de novas medidas de contenção de gastos, o governo busca equilibrar suas contas e atender às demandas do mercado por maior responsabilidade fiscal. Resta observar como essas medidas impactarão a economia a longo prazo e se serão suficientes para manter a estabilidade e confiança necessárias para um crescimento sustentável.