Por Douglas Ferreira

O indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil/MA), pela Polícia Federal trouxe à tona questões sobre suas práticas e os impactos dessa ação para ele e para o governo Lula. Já sob investigação há algum tempo, o ministro agora enfrenta acusações formais de envolvimento em organização criminosa e corrupção passiva.

Acusações e respostas do ministro

Em um vídeo nas redes sociais, Juscelino Filho comparou o inquérito a métodos usados na Operação Lava Jato, sugerindo falta de imparcialidade no processo. Ele alegou que a investigação vasculhou sua vida e a de seus familiares, sem encontrar provas concretas de irregularidades. Segundo ele, os recursos mencionados foram destinados de maneira legítima por meio de emendas parlamentares, cuja execução e fiscalização não são de sua responsabilidade.

“Este inquérito devassou minha vida e dos meus familiares e não encontrou nada. Revirou fatos antigos de recursos que destinei legitimamente através de emendas parlamentares, cuja execução e fiscalização de obras nunca foram de minha responsabilidade como deputado. Existem órgãos para isso. Infelizmente, durante meu depoimento, não fui questionado sobre o objeto da investigação, o que levanta dúvidas sobre a isenção e repete o modus operandi já visto na Lava Jato, causando danos irreparáveis a pessoas inocentes,” declarou Juscelino em sua conta na rede social X.

Detalhes das acusações

A Polícia Federal indiciou Juscelino Filho por envolvimento em uma organização criminosa e corrupção passiva, relacionadas ao desvio de pelo menos R$ 835,8 mil. Esses recursos foram destinados a obras de pavimentação em Vitorino Freire, cidade do interior do Maranhão administrada por sua irmã, Luanna Martins Bringel Rezende Alves.

Reação do ministro

Em nota oficial, Juscelino Filho afirmou que o indiciamento é uma ação política previsível que distorceu fatos e ignorou sua defesa. Ele criticou o processo por criar uma narrativa de culpabilidade pública por meio de vazamentos seletivos e desconsideração de fatos objetivos.

“A investigação deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, mas se desviou de seu propósito original. Concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos. O indiciamento é uma ação política previsível que partiu de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito,” afirmou o ministro.

Implicações para o governo Lula

O indiciamento de Juscelino Filho pode ter sérias repercussões para o governo de Lula, especialmente em um momento delicado. Nomeado em dezembro de 2022 para fortalecer a base de apoio do União Brasil no governo, a permanência do ministro no cargo agora está sob intenso escrutínio. Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre as acusações.

Mas, afinal, qual o destino do ministro. O partido União Brasil declarou seu “total apoio” ao ministro, Juscelino Filho, após ele ser indiciado pela Polícia Federal. Em nota oficial, a Executiva Nacional do partido ressaltou que não aceitará “pré-julgamentos” e defendeu que o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal sejam “rigorosamente respeitados”.

Fontes próximas ao governo afirmam que o presidente Lula não deseja se indispor com o União Brasil, partido ao qual Juscelino pertence, especialmente em um momento em que a estabilidade política é crucial. Para Lula, afastar o ministro agora poderia criar um atrito desnecessário com um importante aliado na base governista.

Conclusão

As acusações contra Juscelino Filho levantam questões sobre práticas políticas e administrativas, enquanto ele defende sua inocência e critica o processo investigativo. Com a situação ainda em desenvolvimento, o impacto completo desse indiciamento sobre o governo e o próprio ministro permanece a ser visto.