Por Douglas Ferreira
A informática, aliada à robótica e à inteligência artificial, tem alcançado resultados fenomenais em diversos setores, desde montadoras de automóveis até a medicina. Agora, essas tecnologias também estão revolucionando o setor gourmet. Robôs com movimentos sutis estão ganhando espaço nas cozinhas de restaurantes ao redor do mundo, realizando tarefas com precisão e delicadeza, como embalar marmitas e rechear bolinhos de arroz.
Como disse Mao Tsé-Tung, “Revolução não é uma festa de jantar”. Talvez ele estivesse certo, mas isso não significa que a revolução não envolverá comida. Esta semana, em Tóquio, uma grande multidão da indústria de produção de alimentos da Ásia presenciou a apresentação dos planos de robôs e inteligência artificial para transformar o setor.
Avanços tecnológicos recentes deram aos robôs algo que sempre lhes faltou: mãos inteligentes, macias e conscientes do espaço. Essas mãos são ideais para o trabalho de embalador, manipulando espaguete cozido, bolinhos de arroz, frango frito, biscoitos e onigiri (bolinhos de arroz japoneses), além de grelhados de salmão.
Um robô vermelho, equipado com braços mecânicos, foi visto entre duas fritadeiras, enquanto um chef observava atentamente ao fundo. Os avanços tecnológicos permitiram que os robôs desenvolvessem habilidades precisas para realizar tarefas antes exclusivas dos humanos. Os expositores na feira Fooma Japan, que representava as nações demograficamente mais desequilibradas da região, não esconderam suas ambições. Eles não estavam preocupados com a redundância humana, mas sim em substituir trabalhadores com a ajuda de robôs eficientes.
“Compre nossas máquinas hoje e você poderá dispensar seus funcionários humanos amanhã”, diziam os representantes de vendas. Folhetos exibiam os talentos dos robôs, retratando os humanos como silhuetas cinzentas na linha de produção do futuro, insinuando que os compradores potenciais não precisariam mais empregar pessoas.
A exposição Fooma Japan atraiu principalmente visitantes do Japão, China, Coreia e Taiwan, países com populações em declínio e economias estagnadas que veem na automação uma solução necessária. A indústria de produção de alimentos, operando com margens estreitas, está ansiosa por ganhos de produtividade, e os robôs alimentados por IA são vistos como a resposta para aumentar a eficiência e reduzir custos.
O Japão, com sua população em declínio e economia estagnada, lidera a adoção da automação alimentada por IA. Outros países também reconhecem a necessidade iminente de seguir esse caminho. A revolução tecnológica em exibição na Fooma Japan destaca a produtividade como um dos principais benefícios da automação. Relatórios do governo japonês e do Banco Central do Japão apontam para a necessidade de melhorar a alocação de recursos e tornar o mercado de trabalho mais líquido para aumentar a produtividade.
A nova geração de robôs, equipada com sensores avançados e ferramentas de IA, agora é capaz de realizar tarefas delicadas, como manusear alimentos porosos, escorregadios, pegajosos ou facilmente quebráveis. Robôs podem agarrar suavemente porções de massa ou selecionar pedaços de frango frito de um tanque cheio, trabalhando um pouco mais devagar que humanos, mas sem necessidade de descanso.
Empresas como a Fujiseiki já estão vendendo processos totalmente automatizados para montagem de marmitas, onigiri e outros alimentos pré-cozidos embalados. A substituição de trabalhadores humanos por robôs está acontecendo gradualmente, em pequena escala nas empresas individuais, mas potencialmente em grande escala na indústria como um todo.
A revolução robótica no setor de alimentos promete não apenas substituir empregos, mas também liberar os humanos para realizarem outras tarefas, transformando a maneira como os alimentos são produzidos e embalados, e elevando a produtividade em um setor crítico para a economia global.