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Publicado em: 20 maio 2024 às 09:04 | Atualizado em: 20 maio 2024 às 09:10

Saiba quem era o presidente do Irã e o que muda com a morte dele dentro e fora do país

Por Douglas Ferreira

Ebrahim Raisi governou o Irã com mão de ferro – Foto: Reprodução

A política do Irã tem suas raízes na Constituição de 1979, que estabeleceu o país como uma república teocrática islâmica, na qual os poderes são supervisionados por um corpo de clérigos. Em 1º de abril de 1979, o povo iraniano votou em um referendo nacional para estabelecer uma república islâmica e aprovar uma nova Constituição teocrática, elevando Ruhollah Musavi Khomeini, o Aiatolá Khomeini, como líder supremo do país em dezembro do mesmo ano. A revolução foi notável por sua surpresa e teve impacto global. Ebrahim Raisi, o presidente do Irã, morto em acidente aéreo neste domingo, 19, governava com mão de ferro o país.

Ebrahim Raisi é um ultraconservador que, desde sua eleição em agosto de 2021, endureceu as leis morais e fortaleceu laços com grupos terroristas como Hamas, Hezbollah e Outhi. Sua morte pode ter implicações significativas no complexo xadrez da geopolítica árabe. A quem caberá a escolha do novo líder e como isso afetará a política interna e externa do Irã? Raisi deixou um sucessor preparado para assumir seu lugar?

Raisi, um clérigo linha-dura, foi eleito com o apoio do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que detém a verdadeira autoridade em questões estratégicas de Estado. Embora Khamenei tenha a palavra final, o presidente exerce considerável influência na política do país. Raisi foi escolhido por Khamenei para liderar a Astan Quds Razavi, uma das fundações religiosas do Irã. Desde a Revolução Islâmica de 1979, que impôs restrições à liberdade política, o país é governado com mão de ferro.

Raisi, 63 anos, é conhecido por sua atuação em diversos cargos no Judiciário iraniano, incluindo o de procurador-geral e juiz em tribunais secretos. Ele é acusado de envolvimento em execuções em massa de prisioneiros políticos e outras violações dos direitos humanos. Sob sua liderança, o Irã fortaleceu laços com grupos terroristas que se opõem a Israel, como Hamas, Hezbollah e Outhi.

O possível impacto da morte de Raisi na geopolítica árabe é significativo. Seu sucessor, o vice-presidente Mohammad Mokhber, também é conservador e seguiria sua linha política. A lei iraniana determina que, em caso de morte do presidente, o vice assume o cargo e convoca eleições dentro de seis meses. Portanto, a transição de poder no Irã provavelmente não mudará drasticamente sua orientação política.

Além disso, as relações do Irã com outros países, como Brasil e Estados Unidos, podem ser afetadas pela mudança de liderança. Raisi, por exemplo, teve encontros com líderes internacionais, como o ex-presidente brasileiro Lula da Silva, para fortalecer laços comerciais e políticos. Com sua morte, é possível que essas relações passem por ajustes, dependendo das políticas adotadas pelo novo governo iraniano.

Em suma, a morte de Ebrahim Raisi terá implicações significativas na política interna e externa do Irã, assim como nas relações com outros países. A escolha de seu sucessor e as políticas adotadas pelo novo governo serão determinantes para o futuro do país e sua posição no cenário internacional.