Por Douglas Ferreira
Além do contrabando de nossa biodiversidade, que envolve o tráfico clandestino de plantas e animais silvestres para diferentes partes do mundo, agora até peças de animais pré-históricos são alvo desse comércio ilegal. O Ministério Público Federal (MPF) está investigando o contrabando de um fóssil de dinossauro encontrado no Piauí e levado para a Europa. Esse fóssil foi extraído da Chapada do Araripe, localizada na divisa dos Estados do Ceará, Piauí e Pernambuco.
A procuradora Nicole Campos Costa, do MPF, iniciou um inquérito civil para apurar esse suposto contrabando do fóssil do dinossauro Irritator challengeri. Este achado arqueológico permanece há muitos anos na Alemanha, para onde foi ilegalmente exportado.
Essa investigação faz parte dos trabalhos da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão (Meio Ambiente e Patrimônio Cultural) do Ministério Público Federal, que aborda questões relacionadas à flora, fauna, áreas de preservação, gestão ambiental, entre outros temas.
No ano passado, um grupo de pesquisadores solicitou ao Governo da Alemanha a restituição do fóssil ao Brasil, destacando a importância desse patrimônio para a ciência brasileira. Um dos líderes dessa iniciativa é o professor Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que também dirige o Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI.
Pesquisadores brasileiros têm se mobilizado para repatriar fósseis exportados ilegalmente para o exterior. Um caso notável ocorreu em junho do ano passado, quando houve a devolução do fóssil Ubirajara jubatus, que habitou a região do Geoparque do Araripe há 110 milhões de anos. Este fóssil estava na Alemanha desde a década de 1990 e foi trazido de volta ao Brasil em uma cerimônia realizada em Brasília, na qual o professor Juan Carlos Cisneros participou.