Por Wagner Albuquerque
A Enel, líder da Bolsa italiana, está sob pressão devido à sua dívida massiva de 60,2 bilhões de euros. Com um valor de mercado de 61 bilhões de euros (aproximadamente R$ 329 bilhões na cotação atual), a empresa está no centro das atenções após cortes de energia em várias capitais latino-americanas, incluindo São Paulo.
A dívida da Enel atualmente está em R$ 324 bilhões, superando seu valor de mercado na Bolsa italiana e resultando em uma queda de mais de 50% em suas ações desde 2021. Mesmo vendendo ativos para aliviar a situação, a queda acumulada é de 30% nos últimos três anos.
Apesar de ter sido rebaixada por agências de rating, a Enel viu um aumento de 12% em seu lucro principal no ano passado, registrando um EBITDA de 22 bilhões de euros (R$ 118,8 bilhões) em 2023.
Com operações em 29 países, a Enel atua em diversos continentes, incluindo Estados Unidos, Europa, América Latina, África, Rússia, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. No Brasil, a empresa distribui energia em partes de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, sendo o Brasil e o Chile seus maiores mercados na América Latina.
Recentemente, a Enel enfrentou uma condenação nos EUA, sendo obrigada a desativar uma usina eólica devido a uma disputa com a tribo indígena Osage sobre compensações financeiras.
Com uma nova gestão, a Enel adotou medidas de contenção, reduzindo investimentos em energias renováveis e ajustando seu plano de investimentos. O diretor geral, Flavio Cattaneo, destacou o compromisso da empresa com a disciplina financeira e uma abordagem seletiva em relação aos investimentos para maximizar a lucratividade e minimizar os riscos.
Após a posse de Giorgia Meloni como primeira-ministra no final de 2022, a Enel passou por mudanças de liderança, com Cattaneo substituindo Francesco Starace como diretor geral. A empresa reduziu seu plano de investimentos de 37 para 35,8 bilhões de euros, com cortes específicos em energias renováveis.
A Enel planeja vender ativos no valor de 21 bilhões de euros para reduzir sua dívida, já tendo concretizado vendas na Romênia e no Peru. A venda da concessionária cearense, avaliada em R$ 3,5 bilhões, foi temporariamente suspensa em novembro de 2022.
A situação da Enel ressalta os desafios enfrentados pelas empresas de energia em um ambiente global instável. Enquanto busca equilibrar a redução de dívidas com a manutenção de suas operações, a Enel permanece no centro das atenções em um setor vital para a sociedade moderna.