Por Wagner Albuquerque
Graças mais uma vez ao setor da agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve, no exercício de 2023, um crescimento de 2,9%. Esse resultado poderia ter sido melhor, se o último trimestre do ano passado não tivesse sido de estagnação, ou seja, de crescimento zero entre outubro e dezembro.
A indústria, de novo, registrou alta franciscana de 1,6%, enquanto o setor de serviços teve incremento de 2,4%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organismo responsável pela pesquisa.
O mercado estava esperando uma alta de 3% do PIB, havendo, assim, uma certa frustração.
Todas as riquezas produzidas pelos brasileiros em 2023 somaram R$ 10,9 trilhões, que, divididos pela sua população de cerca de 212 milhões de habitantes, representam pouco mais de R$ 50 mil por pessoa (per capita) – um aumento de 2,2% em comparação com o do ano de 2022.
Estes são os números de 2023. E o que esperar para o PIB de 2024? – é a pergunta que surge e para a qual as respostas variam. Mas a atividade econômica deste primeiro trimestre de 2024 também é raquítica, como a do trimestre anterior, e isto será revelado nos primeiros dias de abril pelo mesmo IBGE. Por enquanto, contentemo-nos com o último Boletim Focus do Banco Central, que revelou uma subida do PIB para 2024 de 1,68% para 1,75%.
Este é um ano eleitoral e, por isto mesmo, de pouca produção legislativa, ou seja, com baixa expectativa em torno da aprovação de reformas estruturantes, razão dessa baixa previsão do PIB para este exercício.
É só observar o que se passa com a Reforma Tributária: ela já teve aprovado o seu texto base, faltando agora as leis complementares, em torno das quais pouco se tem falado no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Nas duas casas do Congresso – e faz muito tempo que é assim – o assunto do dia são as emendas parlamentares.
Há um natural jogo político que retarda a tramitação de matérias importantes no Parlamento, e isto tumultua o planejamento estratégico das empresas, que seguem adiando investimentos.
E, para completar, o governo segue gastando mais do que arrecada, dificultando o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que quer zerar neste ano o déficit das contas públicas. Esse déficit deverá ser ampliado porque o rombo na Previdência Social voltou a subir, preocupando o ministério do Planejamento de Simone Tebet.