Por Wagner Albuquerque
O comunicado divulgado neste domingo (18) pelo grupo terrorista Hamas expressa agradecimento pelas declarações feitas pelo presidente Lula durante uma entrevista coletiva na Etiópia. Lula comparou a situação na Faixa de Gaza à tragédia do Holocausto, mencionando as ações dos sionistas em Gaza como semelhantes às de Hitler contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Essa comparação gerou uma crise diplomática com Israel.
O Movimento Resistência Islâmica (Hamas) agradeceu a Lula por descrever a situação do povo palestino na Faixa de Gaza como um Holocausto. A nota também faz um apelo à Corte Internacional de Justiça para considerar a declaração do presidente brasileiro. A África do Sul já havia acusado Israel de genocídio do povo palestino, com o apoio do Brasil.
Apesar do agradecimento do Hamas, durante sua viagem à África, o presidente Lula condenou as ações do grupo, destacando o ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas como atos terroristas. No entanto, ele também criticou a resposta desproporcional de Israel, que resultou na morte de milhares de palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, e no deslocamento forçado de grande parte da população.
Lula manteve esse posicionamento “humanitário” em discursos na União Africana, destacando a necessidade de condenar os ataques do Hamas contra civis israelenses e exigindo a libertação imediata dos reféns. Ele também se encontrou com o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, condenando as ações terroristas do grupo.
A declaração que gerou a crise diplomática com Israel foi feita de forma improvisada durante a entrevista coletiva em Adis Abeba. Vale ressaltar que não é a primeira vez que uma fala improvisada de Lula causa controvérsias internacionais, como ocorreu anteriormente em relação ao conflito na Ucrânia.
Qual foi a resposta de Israel?
O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, emitiu um comunicado criticando a fala de Lula e convocou o embaixador brasileiro em Israel para uma reunião nesta segunda-feira (19/2).
“A comparação entre Israel e o Holocausto dos nazistas e de Hitler está ultrapassando a linha vermelha”, afirmou Netanyahu em um comunicado. “Israel luta por sua defesa e garantia do seu futuro até a vitória completa.” Ele disse ainda que a “banalização do Holocausto é a uma tentativa de prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender”.
Durante o encontro nesta segunda, o ministro Israel Katz afirmou que a comparação feita por Lula “é um grave ataque antissemita” que fere a memória daqueles que morreram no Holocausto.