Por Wagner Albuquerque
Na última quinta-feira (15), o governo venezuelano anunciou a suspensão das atividades do escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país. Os funcionários do gabinete têm o prazo de 72 horas para deixar a Venezuela.
O ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, justificou a decisão alegando que a entidade internacional atua de maneira parcial contra o regime de Nicolás Maduro. Essa medida ocorre alguns dias após a ONU expressar preocupação com a prisão da ativista Rocío San Miguel.
A decisão foi tomada devido ao papel inadequado que a instituição tem desenvolvido, que, longe de se mostrar como uma entidade imparcial, tornou-se o escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas que conspiram permanentemente contra o país. – Yvan Gil, ministro das Relações Exteriores da Venezuela.
Desde 2019, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos mantém um escritório em Caracas, capital da Venezuela, sob a gestão da ex-presidente chilena Michelle Bachelet. Naquele ano, um relatório denunciou medidas repressivas contra opositores de Maduro e a presença de grupos de extermínio formados por policiais.
A ativista Rocío San Miguel, crítica ao governo Maduro e especializada em questões militares, foi detida em 9 de fevereiro, junto com familiares que, posteriormente, foram liberados. Ela enfrenta acusações de conspiração para atentar contra a vida de Maduro, conforme reportado pela BBC Brasil.
Com eleições previstas para o segundo semestre de 2024, a Venezuela buscava um pleito “livre e justo”, acordado entre Maduro e opositores, com a presença de observadores internacionais. Contudo, ações do governo, como a barreira judicial à candidatura de María Corina Machado em janeiro, têm minado essa expectativa.