Por Douglas Ferreira
O potencial do Pré-Sal, ao que parece, não corresponde às expectativas do governo e das empresas envolvidas. Surpreendentemente, diversas petroleiras estão desistindo de explorar essas reservas.
Algumas das maiores companhias internacionais, como Chevron, ExxonMobil, Repsol e Shell, juntamente com a estatal brasileira Petrobras, optaram por devolver à União pelo menos 15 blocos de exploração do Pré-Sal, localizados nas bacias de Campos (RJ) e Santos (SP), desde as últimas semanas de 2023. Essa informação, não divulgada pelo governo atual, tem como base dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), compilados pelo site norueguês Upstream, especializado no setor de petróleo e gás.
O prejuízo é significativo. No início de 2023, Repsol, Shell e Chevron devolveram blocos que haviam adquirido em 2017, após investimentos que ultrapassaram os R$ 5 bilhões. Em outubro do mesmo ano, Petrobras, a britânica BP e a americana Equinor devolveram o bloco Dois Irmãos, localizado na Bacia de Santos.
A situação é preocupante, com indicações de esgotamento exploratório evidentes, conforme mencionado pelo ministro Alexandre Silveira, em audiência na Câmara, em maio. Essa tendência de desistência tem se repetido. Em dezembro, durante o governo Lula, foram leiloados 192 blocos exploratórios de óleo e gás, a maioria destinada à Petrobras e suas parcerias.
A desistência e devolução dos blocos de exploração de petróleo e gás no Pré-Sal podem ter vários impactos na economia brasileira e no abastecimento de petróleo e combustíveis no país:
- Impacto Econômico:
- Redução dos investimentos no setor de exploração e produção de petróleo, afetando negativamente o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil.
- Diminuição da arrecadação de royalties e participações especiais pagas pelas empresas de petróleo ao governo brasileiro, o que pode impactar negativamente o orçamento público e a capacidade de investimento em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
- Impacto no Setor de Energia:
- Redução da produção nacional de petróleo e gás, o que pode aumentar a dependência do Brasil das importações desses produtos.
- Risco de desabastecimento de petróleo e derivados no mercado interno, caso a produção nacional não seja suficiente para suprir a demanda doméstica.
- Impacto nos Preços de Combustíveis:
- A redução da produção nacional de petróleo e gás pode levar a um aumento nos preços dos combustíveis no curto prazo, devido à menor oferta interna e ao aumento das importações.
- O aumento dos preços dos combustíveis pode gerar pressões inflacionárias, afetando o custo de vida da população e reduzindo o poder de compra dos consumidores.
Em resumo, a desistência e devolução dos blocos de exploração de petróleo e gás no Pré-Sal representam um desafio significativo para a economia brasileira e para o abastecimento de energia no país. A dependência do Brasil em relação às importações de petróleo e o aumento dos preços dos combustíveis são alguns dos principais riscos associados a essa situação.