Por Douglas Ferreira
O problema crônico do transporte de massa no Brasil tem gerado desconfortos em cidades pequenas, médias e grandes, incluindo o Piauí, onde enfrentamos o caos no transporte público há pelo menos cinco anos. Entretanto, será que essa é uma característica exclusiva do Brasil? Como é o serviço de transporte público ao redor do mundo? Existem exemplos de excelência nesse setor? Qual cidade possui o melhor transporte público globalmente?
Uma pesquisa que avalia a mobilidade urbana em grandes cidades destaca os locais com os sistemas de transporte público mais eficientes. A demanda por transporte público de qualidade é uma preocupação compartilhada por milhões de cidadãos brasileiros, especialmente aqueles que residem em grandes centros urbanos. Internacionalmente, diversas regiões se destacam pelos investimentos no setor, visando garantir a qualidade dos serviços oferecidos à população.
O ranking das cidades com os sistemas de transporte público mais eficientes tem como líderes três cidades europeias: Helsinque, Amsterdã e Estocolmo. Essas regiões optaram por investir em infraestrutura e eficiência, deixando de lado soluções inovadoras, como carros autônomos.
Outras cidades que geralmente ocupam posições elevadas no levantamento, como Londres e Tóquio, perderam algumas posições na última edição. O Índice Urban Mobility Readiness Index, elaborado pelo Fórum Oliver Wyman em colaboração com a Universidade de Berkeley, Califórnia, está em sua 5ª edição e engloba dados de 65 cidades de referência em mobilidade. A pesquisa oferece recomendações para aprimorar o transporte público e a mobilidade sustentável.
Soluções financeiramente acessíveis, simples e eficientes foram apontadas como a saída para enfrentar desafios econômicos e climáticos globais. Os pesquisadores acreditam que cidades com sistemas de mobilidade que atendem a esses requisitos podem estar mais preparadas para lidar, por exemplo, com o aumento da temperatura global.
Os campeões do ranking incluem Helsinque, capital da Finlândia, que se destaca por suas zonas sem carros, investimentos em infraestrutura para ciclistas e veículos elétricos, além da crescente rede de transportes públicos e estratégias como aumento na oferta e bilhetes acessíveis. Amsterdã (Holanda), Estocolmo (Suécia), São Francisco (Estados Unidos) e Munique (Alemanha) completam o top 5.
Outra cidade notável é Hong Kong, líder do Subíndice de Transporte Público pelo segundo ano consecutivo. Seu modelo de transporte público é eficiente, oferecendo acessibilidade e tarifas acessíveis, conforme indica a pesquisa. O relatório ressalta que mesmo cidades posicionadas na metade inferior do índice podem progredir na modernização de seus sistemas de mobilidade com investimentos contínuos nos aspectos essenciais, citando os exemplos de Jeddah e Bangkok, que subiram no ranking nos últimos dois anos graças a esforços determinados para aumentar o número de passageiros do transporte público com tarifas acessíveis.
Tarifa zero
Luxemburgo fez história ao se tornar o primeiro país do mundo a implementar a mobilidade gratuita, abolindo as passagens pagas nos transportes públicos em 1º de março de 2020. Diferentemente de outros modelos, até mesmo aqueles que não residem no país estão isentos do pagamento de tarifas.
A introdução do transporte público gratuito é considerada uma medida social crucial pelo ministro dos Transportes de Luxemburgo, François Bausch. Ele expressa a intenção do governo de transformar o país, cuja população cresceu 40% em duas décadas, em um “laboratório de mobilidade”.
Malta um arquipélago situado na região central do Mediterrâneo, entre a Sicília e a costa do Norte da África é outro país que adotou o transporte público gratuito. Malta, seguiu os passos de Luxemburgo e oferece transporte local gratuito para todos os cidadãos. Isso tornará Malta o segundo país europeu a renunciar à venda de passagens para seus cidadãos e visitantes.
