Por Wagner Albuquerque
Uma pesquisa analisou medições do nível de águas subterrâneas em 170 mil poços em mais de 40 países, revelou um esgotamento sem precedentes das reservas em diversas partes do mundo. Esses estoques são fundamentais para o abastecimento de milhões de pessoas e são essenciais para a irrigação de plantações, entre outras aplicações.
O estudo oferece uma visão abrangente dos níveis de águas subterrâneas globalmente, focando especialmente nas fissuras e buracos em estruturas rochosas permeáveis, conhecidos como aquíferos. Esses reservatórios são vitais para comunidades em regiões onde as chuvas e as águas superficiais são escassas, como no noroeste da Índia e no sudoeste dos Estados Unidos.
O Brasil abriga o conhecido Aquífero Guarani, a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, estendendo-se por 1,2 milhão de km² entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Embora não tenha sido abordado na pesquisa, o aquífero enfrenta desafios de poluição da água e do solo em parte de sua extensão no Brasil.
Além de fornecer informações cruciais sobre a situação atual, a pesquisa visa ajudar os cientistas a compreender melhor o impacto humano nesses recursos subterrâneos, seja pela exploração excessiva ou por mudanças nas chuvas relacionadas às alterações climáticas induzidas pela atividade humana.
Os resultados da pesquisa revelam uma redução significativa nos níveis das águas subterrâneas, entre 2000 e 2022, em 71% dos 1.693 sistemas aquíferos incluídos no estudo. Em 36% desses locais analisados, os níveis das águas subterrâneas diminuíram mais de 0,1 m por ano, afetando 617 das áreas monitoradas.
Um exemplo notável é o Aquífero Ascoy-Soplamo, na Espanha, que apresentou a taxa de declínio mais rápida, com uma média de redução de 2,95 m por ano, conforme relatou Scott Jasechko, coautor do estudo e professor associado da Escola Bren de Ciência e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. A pesquisa destaca que os casos de declínio acelerado dos níveis das águas subterrâneas são duas vezes mais comuns do que o esperado, indicando uma preocupante tendência global.