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Publicado em: 18 janeiro 2024 às 17:11 | Atualizado em: 18 janeiro 2024 às 18:41

Ceará a 'todo vapor' na expansão da Transnordestina; Piauí e Pernambuco ficam para trás

Por Wagner Albuquerque

O estado do Ceará vem se destacando no cenário nacional pela sua ousadia e determinação em explorar novas fronteiras, impulsionando o desenvolvimento econômico e tecnológico. O arrojo cearense se manifesta não apenas na construção de ferrovias e rodovias, mas também na expansão de redes de fibra ótica e na busca incessante por inovações.

Recentemente, o governo estadual anunciou um projeto ambicioso de duplicação do trecho da BR-222, conectando o Porto do Pecém a importantes cidades da região norte do estado, como Sobral e Tianguá. Essa iniciativa visa não apenas facilitar o escoamento de produtos, mas também fortalecer as conexões entre regiões estratégicas do próprio estado e se tornando uma opção para o Piauí escoar seus produtos, já que seu porto ainda não entrou em operação.

Mapa do Cinturão Digital do Ceará (CDC) abrage 7 mil km de fibra ótica, chegando a maioria dos municípios do estado.

Desde o início do século, o Ceará vem investindo significativamente em tecnologia, exemplificado pelo lançamento do Cinturão Digital do Ceará (CDC). Esse projeto, compreendendo um robusto backbone e suas ramificações, proporciona internet de alta qualidade a órgãos públicos e à população em geral. Com essa infraestrutura, o estado se tornou referência nacional em conectividade, alcançando a liderança no eixo Tecnologia e Inovação no Ranking Connected Smart Cities 2022.

A capital cearense, Fortaleza, celebrou seus 297 anos em 2023 como a maior economia do Nordeste, superando cidades como Salvador e Recife. O crescimento econômico expressivo, evidenciado pelo Produto Interno Bruto (PIB) e geração de empregos, reforça a ascensão do Ceará no panorama regional.

Em 2021, a economia cearense avançou impressionantes 4,8%, superando a média do Nordeste e outros estados importantes da região. O Ceará caminha a passos largos para se consolidar como a segunda maior economia do Nordeste, segundo dados do IBGE.

O estado alcançou um marco significativo ao tornar-se o mais competitivo da região Nordeste, conforme a edição 2023 do Ranking de Competitividade dos Estados. Essa ascensão, saindo da 13ª para a 12ª colocação, reflete o compromisso cearense com o desenvolvimento sustentável e eficiente de sua economia. Não seria surpreendente ver a economia cearense figurando entre as cinco maiores do Brasil em duas décadas, com o nível de investimentos e ousadia realizadas no estado cearense.

TRANSNORDESTINA:

Idealizada inicialmente por D. Pedro II em 1847, que imaginava uma ferrovia que ligasse o sertão até o litoral pernambucano, a Transnordestina começou a sair do papel no primeiro governo Lula, em 2006 com previsão de término em 2010, porém já se passaram mais de 14 anos e o projeto segue com diversos atrasos, principalmente do lado Pernambucano. O projeto foi concebido já com o trajeto na forma de um “T invertido”, iniciando em Eliseu Martins (PI), em linha reta, até o Porto de Suape. Na altura de Salgueiro, o projeto abriu um ramal rumo norte, no Ceará, até o Porto do Pecém.

Estado do Ceará é o mais adiantado na construção da Transnordestina. Foto: Reprodução.

Com vários problemas de verbas e atrasos, as obras chegaram ser parcialmente interrompidas em 2016 no trecho pernambucano, mas seguiu avançando no cearense. Os trechos que passam integralmente pelo território cearense estão em franca evolução, com destaque para os lotes 1 e 2 já concluídos e o lote 3 em construção.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, demonstrou seu empenho ao buscar recursos em Brasília ainda neste mês de janeiro, para garantir o financiamento e a conclusão das obras da Transnordestina. Além de fortalecer a infraestrutura de transporte, a ferrovia está projetada para gerar empregos e impulsionar a movimentação de cargas, dobrando a capacidade do Porto do Pecém.

Com a construção do terminal de cargas no Sertão Central, a Transnordestina promete criar aproximadamente 9 mil empregos no auge das obras. O diretor-presidente da TLSA, Tufi Daher Filho, destaca o papel estratégico da ferrovia como um teste para futuras expansões que conectarão Eliseu Martins ao Porto do Pecém, excluindo o porto do Suape, em Pernambuco.

Em meio a esses avanços, o Ceará se consolida como um polo de inovação e crescimento econômico, projetando-se como protagonista na construção do futuro do Nordeste brasileiro. O entusiasmo e a determinação cearenses impulsionam o estado para novas conquistas e desafios, marcando uma página de prosperidade e progresso em sua história.

PIAUÍ:

O projeto foi concebido já com o trajeto na forma de um “T invertido”, iniciando em Eliseu Martins (PI), em linha reta, até o Porto de Suape. Na altura de Salgueiro, o projeto abriu um ramal rumo norte, no Ceará, até o Porto do Pecém. Imagem: Reprodução/180 graus.

Após décadas de promessas não cumpridas e interrupções, as obras da Ferrovia Transnordestina, que visa conectar o Piauí ao litoral nordestino, enfrentam obstáculos contínuos. As obras iniciadas em 2005, conta com uma extensão de 395 km de malha ferroviária em território piauiense, a previsão original de conclusão era em 2010, ao custo de R$ 4,5 bilhões, foi adiada repetidamente. Mesmo com um novo contrato de concessão em 2014, prometendo a conclusão em janeiro de 2017 com um orçamento de R$ 7,5 bilhões, a finalização do projeto permanece pendente.

Em 2023, a Sudene destinou R$ 811 milhões para a conclusão do trecho que liga o Piauí ao Ceará, oferecendo uma perspectiva positiva para a expansão da ferrovia. No entanto, enquanto as obras avançam em direção ao Porto do Pecém, a ligação ferroviária entre o Piauí e o porto de Suape (PE) ainda carece de previsão por parte do estado do Pernambuco. O desafio persistente entre as promessas feitas e a realidade vivida continua a moldar o panorama incerto do desenvolvimento pleno da Transnordestina e dos benefícios que certamente trariam ao estado do Piauí.