O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) divulgou um dossiê contendo informações sobre os acidentes causados pelo consumo de álcool no país. Os dados foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde. As informações foram apresentadas nesta segunda-feira (19), data em que a Lei Seca, um marco na luta contra a violência no trânsito no Brasil, celebra seu 15º aniversário.
De acordo com o documento, o ano de 2021 registrou um total de 10.887 vítimas fatais de acidentes causados pela combinação de álcool e direção, resultando em uma média de 1,2 óbitos por hora. Embora esse dado seja alarmante, é importante ressaltar que a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes em 2021 foi 32% menor do que em 2010, quando a Lei Seca estava em vigor há apenas dois anos. Durante esse período, o número de óbitos anuais reduziu de sete para cinco por 100 mil habitantes.
No que diz respeito às hospitalizações, o estado do Piauí ocupa a primeira posição no ranking, com uma taxa de 85,2 internações a cada 100 mil habitantes. Por outro lado, o estado do Amazonas registrou o menor índice, com 11,8 casos por 100 mil habitantes. Esses números demonstra uma diferença significativa entre os dois estados em relação às hospitalizações por acidentes relacionados ao consumo de álcool.
Diante do estudo, foi constatado um aumento de 34% nas hospitalizações gerais, passando de 27 para 36 internações a cada 100 mil habitantes. Essa tendência foi impulsionada pelos acidentes envolvendo ciclistas e motociclistas, uma vez que houve redução nas hospitalizações de ocupantes de veículos e pedestres envolvidos em acidentes relacionados ao consumo de álcool.
Segundo o pesquisador do Cisa, a ampliação das hospitalizações envolvendo ciclistas e motociclistas pode estar associada ao aumento da frota de veículos no período analisado.
Ainda de acordo com o estudo as hospitalizações apresentam variações consideráveis entre os estados.
Enquanto:
Tocantins (11,8)
Mato Grosso (11,5)
Piauí (9,3)
Registram mais de nove óbitos por 100 mil habitantes devido a acidentes relacionados ao consumo de álcool
E os estados:
Amapá (3,6)
São Paulo (3,5)
Acre (3,5)
Amazonas (3,2)
Distrito Federal (2,9)
Rio de Janeiro (1,6)
Não alcançam sequer, quatro óbitos por 100 mil habitantes.
Em relação às hospitalizações, os números podem variar de 85,2 por 100 mil pessoas, como no Piauí, até 11,8 por 100 mil no Amazonas. Essa diferença representa mais de sete vezes entre os dois estados. O pesquisador destaca a complexidade de compreender as causas dessa discrepância.
De acordo com o estudo, o perfil das vítimas de acidentes relacionados ao consumo de álcool é predominantemente masculino. Cerca de 85% das hospitalizações envolvem homens, enquanto 89% das mortes causadas pelo álcool são de pessoas do sexo masculino. O estudo também destaca que a faixa etária mais afetada é a população entre 18 e 34 anos.
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool ressalta que não existe um nível seguro de ingestão de bebidas alcoólicas antes de dirigir. O psiquiatra e presidente do Cisa, Arthur Guerra, enfatiza que muitas pessoas acreditam que o consumo moderado de álcool não interfere na capacidade de conduzir veículos. No entanto, o estudo reforça a importância de evitar completamente o consumo de álcool antes de assumir o volante, a fim de prevenir acidentes e preservar vidas.
Fonte: Meio Norte