O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 – IPCA 15, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apresentou uma queda de 0,07% em julho. O dado surpreendeu o mercado que esperava uma deflação mais branda de apenas 0,02%.
Essa é a primeira vez em dez meses que o índice registra deflação. A última foi em setembro de 2022, quando houve uma queda de 0,37%, motivada pelos cortes tributários antes das eleições presidenciais.
Essa redução de 0,07%, em julho, foi a primeira deflação para esse mês desde 2017, quando foi registrada uma redução de 0,18%. Essa baixa nos preços foi impulsionada principalmente pela queda nos preços da energia elétrica residencial. O setor teve uma baixa significativa de 3,45% após o Bônus de Itaipu ser incorporado nas faturas. Isso representou um crédito devido ao saldo positivo na comercialização de energia da usina binacional em 2022. O grupo de habitação recuou 0,94% em julho, contribuindo com -0,14 ponto percentual para a deflação geral do IPCA 15.
Efeito da deflação dos alimentos no domicílio
Além disso, o grupo de alimentação e bebidas também registrou deflação de 0,40% em julho, sendo a segunda maior contribuição (-0,09 ponto percentual) para a queda do IPCA-15, logo após o grupo de habitação. Essa redução nos preços dos alimentos está relacionada principalmente à deflação dos alimentos no domicílio, que já havia registrado uma queda em junho.
Ítens como feijão-carioca, óleo de soja, leite longa vida e carnes apresentaram quedas significativas. Enquanto a batata-inglesa e o alho tiveram aumento nos preços.
Transporte teve impacto positivo no Índice
Os preços dos transportes foram os que mais impactaram positivamente, com uma contribuição de 0,13 ponto percentual e uma variação de 0,63%. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelo aumento nos preços da gasolina (2,99%), que foi o subitem com maior impacto positivo (0,14 ponto percentual) no IPCA-15 de julho. As passagens aéreas também registraram uma alta de 4,70%, após um aumento de 10,70% em junho.
Com o resultado de julho, a alta acumulada em 12 meses pelo IPCA 15 desacelerou para 3,19%, o menor valor desde setembro de 2020. Essa desaceleração da inflação pode influenciar a próxima reunião do Comitê de Política Monetária – Copom, do Banco Central, agendada para os dias 1° e 2 de agosto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados têm pressionado por um corte na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano.
Analistas preveem que o Copom começará o ciclo de redução da taxa na próxima reunião. Porém, há dúvidas sobre a intensidade do corte, se será de 0,25 ponto percentual ou de 0,5 ponto percentual.
Alguns analistas começaram a considerar a possibilidade de o IPCA encerrar o ano dentro do teto da meta de inflação do Banco Central, algo que não era esperado no início do ano. A meta perseguida pelo Banco Central para o IPCA em 2023 é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).
Nos anos de 2021 e 2022, o IPCA ultrapassou o teto da meta. A divulgação do resultado final de julho do IPCA 15 está prevista para o peóximo dia 11 de agosto.
Redação Move Notícias