Por Douglas Ferreira
Na manhã de quarta-feira, 10 de julho, a Polícia Federal, em conjunto com a Caixa Econômica Federal, deflagrou a ‘Operação Falso Egidio’, desmantelando uma organização criminosa interestadual especializada em fraudes a programas de transferência de renda. A quadrilha, que operava em cinco Estados brasileiros, conseguiu desviar mais de R$ 10 milhões.
Modus operandi da quadrilha
A investigação, iniciada em abril de 2023 pela Delegacia de Polícia Federal em Niterói, em colaboração com a REAPDRJ (Caixa) e a Centralizadora Nacional de Segurança e Prevenção a Fraude da Caixa, revelou a engenhosidade e sofisticação do esquema fraudulento.
Infiltração e cooptação
O núcleo da fraude envolvia a cooptação de um empregado e duas funcionárias terceirizadas do banco. Esses funcionários, em troca de propina, liberavam o acesso dos criminosos ao aplicativo CAIXA-TEM. Esse aplicativo gerencia as contas digitais sociais da Caixa, que são usadas para distribuir benefícios sociais como o Auxílio Emergencial.
Apropriação de contas digitais
Após a liberação de acesso, a quadrilha se apropriava das contas digitais sociais de terceiros. Utilizando o aplicativo CAIXA-TEM, os criminosos desviavam os valores dos programas de transferência de renda para contas bancárias abertas em nome de pessoas em situação de vulnerabilidade social, como moradores de rua.
Transferências e ocultação
Os valores desviados eram inicialmente depositados nessas contas bancárias, cujos titulares não tinham conhecimento das fraudes. Posteriormente, o dinheiro era transferido entre os membros da quadrilha, dificultando o rastreamento dos fundos.
Ação policial
Para desmantelar a organização, cerca de 80 policiais federais cumpriram 11 mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 2ª Vara Federal de Niterói/RJ. As ações ocorreram nos Estados do Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas e Mato Grosso do Sul.
Distribuição dos mandados
No Rio de Janeiro:
- Rio de Janeiro: 4 buscas
- Belford Roxo: 2 buscas e 1 prisão
- Niterói: 2 buscas e 3 prisões
- São Gonçalo: 3 buscas e 3 prisões
Fora do Rio de Janeiro:
- Manaus/AM: 2 buscas e 1 prisão
- Teresina/PI: 1 busca e 1 prisão
- São Paulo/SP: 1 busca e 1 prisão
- Campo Grande/MS: 1 busca e 1 prisão
Consequências legais
Os investigados enfrentarão acusações de integrar organização criminosa, furto qualificado, inserção de dados falsos em sistema de informações e lavagem de dinheiro. A operação destaca a complexidade e a audácia da quadrilha, que utilizou métodos sofisticados para burlar sistemas de segurança e desviar recursos destinados aos mais necessitados.