Move Notícias

Publicado em: 14 junho 2023 às 15:34

Piloto de avião que caiu em Teresina relata momentos de terror antes do acidente

 

 

O piloto Arcedino Concesso falou com exclusividade ao jornalista Erlan Bastos, do Sistema Meio Norte de Comunicação. Ele contou detalhes de tudo que viveu com a família a bordo do avião que caiu nesta segunda-feira, 12, no campo do Bariri, na zona Norte de Teresina.

 

“Foi tudo muito rápido, acredito que entre 30 e 40 segundos, o tempo de resposta para um constatar a perda de potência do motor e a escolha do local para o pouso”, disse.

 

E acrescentou, “eu não tinha condições de retornar para o aeroporto, talvez se eu tentasse ele iria cair em cima das casas. Então consegui visualizar o campo, perdi altitude e amorteceu um pouco a queda com a batida da rede de energia elétrica”.

 

Ele explicou também o que, de fato, ocorreu antes da queda. Revelou o momento exato que percebeu que havia algo errado.

 

“A história toda começou quando constatei que uma das duas travas da porta estava fechada incorretamente. Foi quando solicitei o retorno ao aeroporto”, relatou.

 

Mas era preciso ganhar altura para retornar ao aeroporto, “só que eu já tinha levantado voo e passado da pista, então eu precisava ganhar um pouco mais de altitude, foi justamente nesse momento que constatei que o avião não estava mais respondendo como deveria”.

 

Nesse momento o avião não apenas não subia, como perdia altitude, “não estava ganhando altitude, pelo contrário, ele começou a perder altura e com isso tentei fazer o retorno para pista que decolei e não consegui”.

 

Foi aí que Concesso teve que agir com rapidez e perícia, “então tive que fazer uma análise de risco, não consegui restabelecer a aeronave e o único lugar viável que tinha, que oferecesse menos riscos aos populares e as pessoas que estavam nas ruas, na casa, era justamente esse campo de futebol que estava vazio”.

 

Ele relatou que tão logo tocou o solo, sentiu muita dor e falta de ar. Mas sabia que tinha a obrigação de retirar os quatro passageiros de dentro da aeronave.

 

“A última a sair foi a minha filha mais velha, que também sentia muita dor. Mas eu consegui retirá-las do avião pois havia o risco de explosão. Os dois tanques estavam cheios e mesmo com muita dor eu me afastei uns quatro metros e cai no chão. Eu não conseguia mais caminhar devido a fratura na minha coluna. Foi quando duas pessoas me pegaram e me levaram até um local mais afastado”, relatou o piloto.

 

Concesso, a esposa Juliana Plácido e a sogra continuam hospitalizados em um hospital privado. Ele tem acesso as suas redes sociais e à mídia e se mostrou preocupado com julgamentos e notícias falsas sobre o caso.

 

“Eu vi muita desinformação. Que a aeronave só tinha capacidade para três pessoas e estava carregando cinco. Na verdade, a aeronave tem capacidade para um tripulante e três passageiros. E apesar de ter mais uma criança, era uma criança de colo e isso não apresenta nenhum risco para o voo. Eu respeitei o peso máximo de decolagem. O manual do fabricante autoriza 1.315 kg. Eu não tinha nem 1.200 kg. As pessoas não devem fazer esse tipo de julgamento, porque leva outras pessoas leigas a também veicularem informações incorretas”, concluiu.