Por Douglas Ferreira
Cada gesto, cada atitude e, sobretudo, cada frase ou até mesmo palavra proferida pelo presidente Lula da Silva interfere diretamente na economia e na vida das empresas e do povo brasileiros. As falas do presidente nos últimos dias têm alterado o já sensível mercado brasileiro. Resultado: alta do dólar e da inflação. Quem paga o pato? O povo brasileiro. O dólar sofreu três altas seguidas após as declarações impensadas do presidente. Até parece que Lula não está preocupado com a reação do mercado a suas falas.
Lula está cada vez mais provocativo, seja com o mercado ou com o presidente do Banco Central. Ele afronta, ameaça, provoca, desdenha e tenta ridicularizar a política monetária comandada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Assim como a terceira lei de Newton, “a cada ação de Lula corresponde uma reação do mercado”.
Não resta dúvida de que já passou da hora de Lula perceber que é o presidente do Brasil, o magistrado que, direta ou indiretamente, é responsável por tudo de bom ou ruim que acontece no país. E o pior é que tão nocivo quanto a ‘declarações’ de Lula é a insensatez em ignorar o mundo real. Para Lula, tudo não passa de especulação, quando, na verdade, trata-se de uma reação orgânica. Investidores temem o ‘amanhã’. Alguns tentam se precaver e freiam investimentos, outros fogem do país.
Dólar fecha em R$ 5,66, em terceira alta seguida, após Lula falar que: ‘há um jogo de interesse’ contra o real
A moeda americana voltou a operar em alta nesta terça-feira (2) e chegou à casa dos R$ 5,70. O dólar só deu alívio no fim do dia, depois de um enfraquecimento no exterior e rumores de que o BC poderia promover uma intervenção no mercado de câmbio. Terminou o dia na casa dos R$ 5,66, maior patamar desde 10 de janeiro de 2022, quando custava R$ 5,6742.
Não caíram bem as declarações do presidente ao Banco Central do Brasil (BC), em especial as dirigidas à presidência da instituição, Campos Neto.
Foi em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula disse que há um “jogo de interesse especulativo” contra o real e que o governo avalia medidas. O presidente diz que a reação de alta da moeda americana após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, “não têm explicação”.
Na segunda-feira, Lula disse que o próximo presidente da instituição olhará para o Brasil “do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”. Após esses comentários, o dólar encerrou o dia vendido a R$ 5,6527, no maior patamar desde 10 de janeiro de 2022.
Mais tarde, durante a noite, Lula afirmou em discurso que não tem que prestar contas a “banqueiro” ou a “ricaço”, mas sim ao povo pobre do país. Falas assim são põem mais ‘lenha na fogueira’.
Nesta terça, Campos Neto respondeu de forma indireta: disse que a interrupção do ciclo de quedas da taxa básica de juros, a Selic, “tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]”.
Terceira alta seguida do dólar
Em 27 de junho, o dólar custava R$ 5,5079.
- 28 de junho: R$ 5,5884;
- 1º de julho: R$ 5,6527;
- 2 de julho: R$ 5,6652.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, passou quase todo o dia em patamar positivo e fechou em leve alta.