Profissionais de saúde enfrentam ameaças de facções criminosas e atos violentos em Teresina
Profissionais de saúde em Teresina enfrentam ameaças e agressões de facções criminosas, resultando na necessidade de escoltas ao sair de consultórios médicos no Centro da cidade. Esses relatos alarmantes foram compartilhados durante uma audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (7) na sede do Ministério Público. O foco da audiência foi discutir a crescente falta de segurança para os profissionais de saúde em Teresina.
Durante a audiência, diversos depoimentos foram feitos, destacando a interferência de facções criminosas que têm dificultado o trabalho dos profissionais de saúde. Um caso específico foi ressaltado, no qual uma médica relatou ao Ministério Público que uma facção criminosa a impediu de atender pessoas ligadas a um grupo rival.
Teresina testemunhou recentemente três casos graves de violência, aumentando as preocupações dos profissionais de saúde. No dia 15 de junho, uma equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) foi atingida por tiros no bairro Vamos Ver o Sol, na zona Sul da cidade. No dia 26, o Hospital Mariano Castelo Branco, no bairro Santa Maria da Codipi, foi invadido por uma dupla armada que tentou assassinar um homem pertencente a uma facção rival e internado na unidade de saúde. Na semana passada, no dia 3 de agosto, uma equipe do Programa Saúde da Família foi atacada na Vila Irmã Dulce, também na zona Sul de Teresina.
Para abordar e resolver esses problemas, o Ministério Público convidou gestores da cidade, profissionais de saúde, membros de conselhos, associações e sindicatos para participar da discussão. A atuação das facções criminosas foi um dos tópicos centrais das discussões.
Durante a audiência, o promotor Eny Pontes relatou o caso de uma médica que foi impedida por uma facção criminosa de atender pacientes por ordem da própria facção.
“A médica relatou ao MP que a unidade de saúde em que trabalha está localizada em um território controlado por uma facção criminosa que atua na cidade, e, por causa das ordens dessa facção, ela está proibida de atender pacientes que residem no território da facção rival”, explicou Eny Pontes.
O promotor observou que a médica não formalizou uma denúncia à polícia devido à falta de segurança para fazê-lo, levantando a questão de quem irá proteger esses profissionais.
Acilinara Moura, membro do Conselho Municipal de Saúde, compartilhou a preocupação dos profissionais de saúde e pacientes sobre a questão da segurança.
“Nós sabemos de locais onde os profissionais são obrigados a baixar os vidros dos carros para que os membros de facções possam identificar quem está entrando no território. Nunca havíamos enfrentado essa insegurança no serviço de saúde antes. Os profissionais estão sofrendo com problemas de saúde mental devido à falta de segurança”, relatou Acilinara Moura.
Ela destacou que até os próprios pacientes estão com medo de buscar atendimento devido à insegurança. “Profissionais e pacientes têm medo de se dirigir a uma unidade de saúde. O risco de assaltos é alto, e um assalto não envolve apenas a perda de bens, mas também a violência empregada nesse tipo de ação”, afirmou a conselheira.
A conselheira também questionou a situação das facções criminosas no Piauí, levantando a questão se será necessário negociar com os líderes das facções para poder exercer o trabalho na área de saúde.
O promotor de Justiça Eny Pontes ressaltou a necessidade de um estudo e discussão mais abrangentes sobre o papel da Polícia Militar na segurança das unidades de saúde em Teresina. Ele observou que o relatório da Polícia Militar indica que a polícia realiza cerca de 50 visitas por semana às Unidades Básicas de Saúde (UBS), enquanto a cidade possui 91 UBSs, além de hospitais, maternidades e Centros de Atenção Psicossocial – CAPs, que também fazem parte do sistema de saúde.
Enfim, não é de hoje que o Piauí padece da falta de segurança pública. Há pelo menos 20 o piauiense está privado dos direitos básicos, fundamentais, como o direito de ir e vir, à liberdade, o direito à vida. E pelo visto, a insegurança avança a cada dia. Hoje é o cidadão, os médicos, os profissionais da saúde. Amanhã quem será ameaçado no exercício da profissão?
Redação Move Notícias