Na manhã desta quarta-feira, 16, o dólar apresenta um movimento de valorização, aproximando-se da marca temida de R$ 5, após ter oscilado entre os patamares de R$ 4,75 nos meses de junho e julho. Por volta das 10h45, a moeda estava em queda de 0,17%, sendo cotada a R$ 4,97. No encerramento das atividades na B3 no dia anterior, o câmbio havia fechado a R$ 4,9868.
A nível global, um fator significativo é a decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, que está prestes a divulgar a ata da reunião em que determinou um aumento de 0,25% pp, estabelecendo os juros básicos em 5,5%.
Qual o Rumo do Dólar? Luiz Felipe Bazzo, CEO da corretora de câmbio Transferbank, analisa que a redução das taxas de juros nos EUA pode influenciar a relação entre o dólar e o real. Ele explica: “Com uma taxa Selic em declínio, o mercado cambial está atento às próximas ações do Fed, que podem moldar o comportamento da moeda norte-americana. Se o banco não iniciar cortes nos juros nos EUA tão cedo, isso pode exercer pressão para manter o dólar em ascensão.” A cotação do dólar experimentou uma desvalorização ao longo do primeiro semestre de 2023, caindo de R$ 5,23 em janeiro para R$ 4,77 em 22 de junho.
Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed, destaca alguns motivos para esse movimento ascendente: “Isso inclui a valorização do dólar em relação a outras moedas emergentes e a sazonalidade favorável para a moeda no segundo semestre (um dos fatores é o processo de repatriação de lucros de empresas para suas matrizes no final do ano). A instabilidade política, especialmente entre os poderes executivo e legislativo, também contribui para essa tendência de alta, aumentando os riscos dos investimentos no país.”
Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ, explica que a aversão ao risco faz com que países considerados emergentes, como o Brasil, fiquem mais expostos. Ele observa: “Um fator crucial é também o desempenho dos indicadores dos países desenvolvidos. Apesar da perspectiva de taxas de juros no exterior, as taxas continuam elevadas nos EUA. Tivemos recentemente um movimento de alta das taxas de juros no cenário internacional, enquanto no Brasil estamos vivenciando um declínio na Selic, o que torna os investimentos em renda fixa menos atrativos. Ao cruzar essas duas variáveis, alguns investidores preferem, mesmo com menor rentabilidade, buscar ativos mais seguros nos mercados tradicionais.”
Portanto, diante de diversos gatilhos que sugerem uma possível valorização do dólar, especialmente com a histórica posição dos investidores estrangeiros comprados em dólar frente ao real, existe a previsão de que a moeda poderá em breve ultrapassar a marca de R$ 5, conforme indicado pelo especialista da Quantzed.
Com informações da IstoÉ Dinheiro