Por Douglas Ferreira, com informações Cidade Verde
Por muito tempo, acreditava-se que apenas os índios da etnia Tabajara teriam habitado a região da Chapada do Corisco, onde hoje se encontra o município de Teresina. No entanto, estudos recentes revelaram a presença de um sítio arqueológico dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI), sugerindo que o povo Tupinambá também viveu na área. Essa descoberta notável é atribuída a um estudante da UFPI.
Aluno descobre sítio arqueológico na UFPI com artefatos tupinambá
Os povos Tupi-Guarani, um dos mais importantes da América do Sul, teriam vivido em Teresina, conforme indicado por artefatos cerâmicos como panelas e potes encontrados na UFPI. Até agora, mais de mil artefatos atribuídos aos ancestrais Tupinambá foram recuperados no local.
Detalhes da descoberta
O sítio arqueológico foi encontrado em 2016 por um aluno do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFPI, localizado no bairro Ininga, zona Leste de Teresina. Durante um experimento de plantio, o estudante descobriu cerâmicas que foram posteriormente identificadas como pertencentes aos Tupinambá.
Desde então, o Sítio Arqueológico Ininga tem sido um centro de pesquisa ativa, integrando alunos diretamente nas investigações. O professor de Arqueologia da UFPI, Ângelo Correa, um dos responsáveis pelas pesquisas, destacou que a descoberta foi um marco importante, permitindo a integração prática e teórica do ensino de arqueologia.
Características e significância dos artefatos
As peças cerâmicas foram encontradas a profundidades de até 70 centímetros. A maioria dos artefatos cerâmicos (argila) e líticos (pedra) são de origem Tupi, marcando um dos primeiros sítios relacionados a esses povos na região. Entre as descobertas estão ferramentas de pedra lascada e polida, lâminas de machado e fragmentos de cerâmicas ricamente decoradas.
Essas cerâmicas policromas, características dos povos de língua Tupi, são notáveis pela sua riqueza gráfica e morfológica, com pinturas de linhas pretas, pontos pretos e faixas vermelhas sobre um fundo claro, únicas fora da bacia amazônica.
Continuação das pesquisas
Atualmente, as pesquisas no Sítio Ininga continuam com foco na prospecção intensiva para determinar a extensão do material e planejar futuras escavações. Análises físico-químicas das argilas e tintas estão sendo realizadas para compreender melhor os métodos de produção e os hábitos alimentares dessas populações antigas.
Impacto e importância da descoberta
“O impacto dessas descobertas vai além do campo acadêmico, pois contribui para a valorização e preservação do patrimônio histórico-cultural do Piauí. Com o Sítio Ininga, a UFPI avança no conhecimento sobre as populações Tupinambá,” afirmou o professor Ângelo Correa. A descoberta não só enriquece o entendimento sobre a ocupação indígena na região, mas também promove a valorização da herança cultural local.
Etnia tupinambá: a origem
Os Tupinambás são um grupo indígena que habitava a costa brasileira no período pré-colonial. Faziam parte da família linguística Tupi-Guarani e ocupavam uma extensa área que se estendia desde o Rio São Francisco/MG até o Rio da Prata/PR.
Conhecidos por suas habilidades em navegação, pesca e agricultura, os Tupinambás eram também exímios construtores de canoas e casas de palha, perfeitamente adaptadas ao clima tropical da região.
Contato e adaptação aos colonizadores
Com a chegada dos colonizadores europeus, os Tupinambás enfrentaram a necessidade de se adaptar a novas formas de vida, enfrentando inúmeros desafios. Apesar das adversidades, conseguiram preservar muitos aspectos de sua cultura e tradições, que ainda são mantidos até os dias de hoje.