Por Douglas Ferreira
A história é seletiva, muitas vezes obscurecendo grandes feitos por razões políticas, religiosas ou culturais. Mas é especialmente lamentável quando a própria ciência, em sua busca pelo conhecimento, “cancela” figuras brilhantes cujas contribuições moldaram o entendimento que temos do mundo. Um exemplo emblemático dessa injustiça é a história de Cecilia Payne, uma mulher que revolucionou a astronomia, mas cujo nome ainda é pouco reconhecido.
Cecilia Payne, uma cientista britânica que enfrentou preconceitos ao longo de sua vida, fez descobertas que mudaram para sempre nossa compreensão do universo. Nascida em uma época em que a educação para mulheres era considerada um desperdício, Payne enfrentou obstáculos desde cedo. Sua própria mãe se recusou a pagar por seus estudos universitários, acreditando que era inútil educar uma mulher. Felizmente, Payne conseguiu uma bolsa de estudos em Cambridge, no Reino Unido, onde seu talento floresceu.
Mesmo tendo completado os estudos com excelência, Cambridge se recusou a conceder-lhe um diploma, simplesmente porque ela era mulher. Determinada a continuar a carreira científica, Payne mudou-se para os Estados Unidos, onde se tornou a primeira pessoa a obter um doutorado em astronomia no Colégio Radcliffe. Sua tese foi descrita pelo astrônomo Otto Strauve como “a mais brilhante já escrita em astronomia”.
Foi Cecília Payne quem descobriu a composição do universo, revelando que o hidrogênio é o elemento mais abundante. Ela também foi a primeira a identificar a composição do Sol, desafiando as ideias preconcebidas da época. Sua pesquisa se tornou a base para qualquer estudo moderno sobre estrelas variáveis, e seu impacto na ciência é inegável.
No entanto, a sociedade e a própria comunidade científica falharam em reconhecer o valor de Payne. Seus obituários de jornal esconderam sua maior descoberta. Livros didáticos falam do átomo mais abundante do universo, o hidrogênio, mas raramente se atribui essa descoberta à pessoa que a fez. Payne não recebeu, em vida, o respeito e o reconhecimento que merecia, mesmo após ser a primeira mulher a se tornar professora em Harvard.
Desde sua morte em 1979, a mulher que revelou a composição das estrelas recebeu apenas uma placa comemorativa na parede da universidade onde trabalhou. Enquanto isso, nomes como Newton, Darwin e Einstein são ensinados a cada geração de estudantes. É tempo de corrigir essa omissão histórica e dar a Cecilia Payne o lugar que lhe é de direito no panteão dos grandes cientistas. Colocá-la ao lado de outras mulheres igualmente fantásticas como: Marie Curie, Williamina Paton Stevens Fleming, Vera Cooper Rubin, Caroline Lucretia Herschel, todas cientistas com relevantes contribuições para a ciência.
O Move Notícias presta essa homenagem à verdadeira mulher ‘empoderada’, Cecilia Payne, que nos mostrou do que as estrelas são feitas, uma cientista cujo legado é imortal, mesmo que seu nome tenha sido esquecido por muitos. Que possamos sempre lembrar e celebrar sua contribuição monumental para a ciência e a humanidade.