Por Douglas Ferreira, com informações O Globo
Tom Jobim, com sua famosa frase, destacou que “O Brasil não é para principiantes”. Com o tempo, “principiantes” virou “amadores”, e a máxima se enraizou em diversos círculos e segmentos, principalmente o político. O Brasil de hoje se mantém fiel a essa máxima, com frequentes episódios ilustrando a volatilidade do ambiente de investimentos no país.
Escândalos de corrupção tornaram-se ‘lugar comum’, com leilões fraudulentos, financiamentos suspeitos e uma corrupção desenfreada que parece permear toda a estrutura de poder. Empresas públicas como os Correios e a Petrobras enfrentam prejuízos bilionários após uma bonanza de lucros.
Agora, o Brasil é impactado com a notícia de que gerentes da Caixa Econômica Federal recentemente perderam os cargos por barrar uma operação de R$ 500 milhões, considerada arriscada e atípica. Este incidente ilustra como o Executivo pune aqueles que tentam impor austeridade e seriedade na gestão pública. O caso foi tão grave que a mídia não conseguiu manter sua habitual cumplicidade.
Corrupção sistêmica e as consequências no setor público
Os dois gerentes teriam perdido o posto, por se opuserem à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, considerados muito arriscados. Um parecer sigiloso de 19 páginas desaconselhou a operação devido ao alto risco de solvência do Banco Master. Este banco, anteriormente conhecido como Banco Máxima, adotou a atual razão social em 2021 e tem um modelo de negócios classificado como de “difícil compreensão” pela Caixa.
Quatro dias após o parecer, os gerentes responsáveis pelo documento foram destituídos, com a justificativa de uma reformulação na companhia. A crise que se seguiu repercutiu no mercado financeiro. Embora a compra dos títulos não tenha sido efetivada, não há garantia de que a operação não volte à pauta em futuras reuniões do comitê de investimentos.
Riscos elevados e a percepção de negócios no Brasil
A área técnica da Caixa Econômica nunca havia aplicado um valor tão alto em uma instituição de perfil arriscado como o Banco Master. A operação, considerada arriscada e atípica, despertou preocupações sobre a estratégia de gestão de risco da Caixa. Além disso, uma pesquisa reputacional revelou processos contra os principais executivos do Banco Master por manipulação de preços e irregularidades financeiras.
A destituição dos gerentes que se opuseram à operação foi vista como retaliação e tentativa de eliminar resistências internas ao negócio. A Caixa Asset, divisão recente criada em 2021, enfrentou críticas por sua gestão e a relação com o comando político, porém não decidiu ainda se vi desistir do ‘negócio’. O Banco Master, por sua vez, afirmou desconhecer o parecer e declarou que suas operações seguem as melhores práticas do mercado.
Em resumo, o caso da Caixa Econômica e do Banco Master exemplifica os desafios e riscos inerentes ao ambiente de negócios no Brasil, onde a corrupção e a má gestão continuam a afetar a confiança e a estabilidade econômica.