Por Douglas Ferreira
A descoberta de um esquema criminoso de propinas no leilão para a compra de arroz importado resultou na anulação do certame, inicialmente pelo próprio governo. Esse escândalo levou a suspeitas graves de corrupção e, consequentemente, à mobilização no Congresso para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A perspectiva de uma CPI pode ter sido o fator decisivo para que o governo desistisse de importar arroz. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, mudou o discurso e afirmou que o Brasil não precisa de leilões de arroz, mas sim de incentivo à produção nacional.
Declarações do ministro da Agricultura
Nesta quarta-feira (3), o ministro da Agricultura Carlos Fávaro declarou que, no momento, o Brasil não deve realizar novos leilões para importar arroz. A afirmação foi feita em entrevista ao programa “Em Ponto” da Globonews. Durante o mês de maio, o governo federal anunciou a intenção de realizar leilões para importar arroz devido às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional. Embora o Estado já tivesse colhido 80% da produção, associações de produtores afirmavam que não havia necessidade de importar o produto.
Problemas nos leilões e anulação
Apesar das declarações dos produtores, o governo persistiu na decisão de importar arroz, mas as duas tentativas de leilão foram frustradas. O último leilão, ocorrido em 6 de junho, foi anulado pelo governo federal após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. As ganhadora do leilão não eram do ramo. Uma produz pão de queijo outra suco de fruta e uma outra com aluguel de carro. Todas sem nenhuma expertise na importação de arroz.
“Tivemos problemas, é fato, nós cancelamos esses leilões. Mas o fato real é que, com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta da normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, disse o ministro Fávaro. Ele acrescentou que os preços do arroz já estão dentro da normalidade, variando entre R$ 19 e R$ 25 pelo pacote de cinco quilos.
Monitoramento do mercado e estímulo à produção
O ministro explicou que o governo possui um edital pronto e realizará uma reunião com a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e representantes da indústria para discutir compromissos de estabilidade de preço, logística e frete.
“Eles mesmos podem nos dizer um momento, se for necessária, alguma intervenção do governo. Por ora é mais prudente, já que os preços cederam, que a gente tome outras atitudes de estímulo à produção. Não se faz necessário novos leilões de importação”, concluiu Fávaro.
Impacto político
A anulação dos leilões e a discussão sobre a necessidade de importar arroz ocorrem em um contexto político tenso, com a iminência de uma CPI para investigar o esquema criminoso de propinas. Esse cenário pressiona o governo a adotar medidas mais transparentes e eficazes para garantir a estabilidade do mercado interno sem recorrer a importações controversas. A estratégia agora se volta para o monitoramento do mercado e o incentivo à produção nacional, buscando uma solução sustentável para o abastecimento de arroz no Brasil.